Estado Zumbi
Sustentabilidade

Estado Zumbi


Uma menina, moradora de periferia, engravida aos 16 anos do namorado de 18.
Se casam e nos poucos pares de anos que a relação dura, tem mais outros 2 filhos.
Ele se enche e se manda.
Ela, arruma emprego numa casa de família, sustenta os 3 filhos, deixa o mais velho na escola e os outros 2 com uma menina de 14.
Sempre cansada, a menina vira mulher rápido.
Infeliz, numa jornada diária de 10 horas de trabalho mais 3 no trânsito, ela desiste. Do trabalho, dos filhos, da vida.
O filho mais velho, órfão aos 11, cai no canto da sereia e se afunda no crack.
Está formado o real problema da grande maioria das famílias brasileiras de periferia.
Ao contrário do que se pensa e se diz, o crack não vicia na 2a. tragada e esse menino não é um zumbi.
Outro dia escutei da boca de uma garota dependente, que já literalmente "comeu o pão que o diabo amassou", que a droga era só "a cereja no bolo". Zumbis não tem essa lucidez.
Em recente pesquisa nacional 80% dos dependentes de drogas pesadas como crack e cocaína disseram que querem deixar o vício e se tratar.
O Crack, subproduto da cocaína, existe há décadas, nos submundos, naqueles lugares que ninguém lembra que existem. Se espalhou em anos, mas está longe de ser uma epidemia, é muito mais fruto de descaso.
A realidade é que os últimos governos e prefeituras não souberam lidar com a questão e a cracolândia, região central de São Paulo onde usuários consomem a droga a céu aberto, se transformou num símbolo da derrota do Estado.
Já tentaram de tudo.
Expulsar usuários da região à força só fez com que estes se espalhassem pela cidade e com o tempo retornassem ao local.
Criar uma clínica de apoio na região parecia uma boa ideia, não viesse na sequência um plano de internação compulsória que lembrava os anos que vivemos sob o regime militar.
Se 80% dos dependentes querem ser tratados, por que não tratá-los primeiro, ao invés de promover uma lei onde a chance de recuperação e êxito no tratamento é mínimo?
Ninguém larga o cigarro sem querer de verdade, quem dirá o crack?
A realidade é que as drogas e o crime entram onde o Estado não está.
Se a menina, mãe solteira, sozinha, tivesse recebido apoio e ajuda, não teria morrido e seu filho não teria a falta de estrutura que o fez mergulhar nas drogas.
Ao contrário da crendice popular a molecada não entra pro tráfico para sustentar o próprio vício. Entra por que o traficante na favela é rei. Ele dá para a população o que o Estado não dá. Dá remédio para a mãe, casa pra avó, coloca o filho na escola. A dívida não é sempre em pedra, a dívida é de vida!
Para lidar com o problema da cracolândia Sr Haddad, Sr. Alckmim e todos os seus antecessores, sem exceção, é preciso ir pra periferia, olhar e entender o menino que vai buscar na droga alguns minutos de alívio. Para lidar com o problema é preciso encará-lo de frente numa operação cirúrgica. Só com maquiagem, como todos os nossos governantes estão acostumados a nos enganar, não dá.
Zumbi é o Estado que, diante das questões da vida dos cidadãos, parece que dorme em pé!



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