Sustentabilidade
Entrevista de Miguel Bahiense mostra a importância do não banimento das sacolas plásticas, com embasamentos científicos
Presidente da Plastivida foi entrevistado pela eCycle e elencou vários motivos para manter as sacolas plásticas em circulação. Tire suas conclusões:
Miguel Bahiense é o presidente da diretoria executiva do Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos (Plastivida), organismo que congrega grande parte das empresas líderes de mercado da indústria plástica brasileira. Quando o assunto é a proibição da distribuição de sacolas plásticas em supermercados do Estado de São Paulo, Bahiense se posiciona veementemente contrário à medida, fazendo a mediação de que o TAC, que fez com que as sacolinhas comuns voltassem aos estabelecimentos por dois meses (até o dia 4 de abril), foi uma boa medida, mas insuficiente.
Em entrevista por telefone à equipe eCycle, o presidente do Instituto condena a cobrança pelas sacolas compostáveis, que ocorreu no início da campanha 'Vamos Tirar o Planeta do Sufoco'. "O supermercado nunca deu a sacola plástica comum para o consumidor. Ele a vende, mas o preço está embutido. É uma obrigação do setor e que foi retirada sem questionamento ao consumidor. Com o TAC, a APAS foi obrigada a recuar, mas por que só 60 dias? Achamos que o direito do consumidor não pode ter prazo de validade", afirma.
Mas, Bahiense não defende a sacola apenas por motivos de conveniência momentânea ao consumidor. Com base em artigos científicos e pesquisas de opinião publicadas no site da Plastivida, o presidente afirma que a sacolinha plástica cumpre funções de higiene na sociedade e questiona que ela seja a vilã ambiental dos lixões e aterros. Acompanhe essa e outras questões presentes no relato:
Ciclo de vida
As análises de ciclo de vida mostram que a sacola biodegradável tem menor desempenho ambiental do que a sacola normal. Houve um estudo feito pela agência ambiental britânica que teve esse resultado. A APAS não se baseou em estudos científicos para justificar a troca de matéria-prima, e quem paga a conta é o consumidor.
Muitas das ecobags que estão sendo vendidas em supermercados foram feitas em países da Ásia, que além de utilizarem mão-de-obra infantil e semi-escrava, não valorizam a indústria nacional, o que gera desemprego em nosso país.
Com a mudança, o consumidor terá que comprar duas embalagens: uma para o transporte de compras e outra para o descarte de lixo, o que desfavorece os mais pobres. O que ele fazia com um produto (usar como saco de lixo) ele precisará fazer com dois.
Redução
Realmente há um uso excessivo de sacolas plásticas por causa das demandas dos supermercados por sacolas mais finas, que eram mais baratas. Quando a sacola rasga, o usuário joga em qualquer lugar porque não há um programa de consumo responsável de sacolas por parte das prefeituras. Há sacolinhas feitas com selo de qualidade e podem suportar seis quilos (tem o peso de 4,5g, enquanto as sacolas fora da norma pesam 3,5g).
Mesmo assim, a produção de sacolas diminuiu muito nos últimos anos. Em 2008, o número era de 17,9 bilhões. Devido a campanhas de redução, o número caiu para 12,8 bilhões em 2011.
Efeito estufa e higiene
A sacola plástica não contribui para o efeito estufa, como ocorre com a sacola de amido. Enquanto a plástica prende o carbono e não o libera para a atmosfera, a sacola de amido se decompõe e emite gases, entre eles o CO2.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) diz que a melhor forma de descartar lixo é o embalando com plástico, pois há o isolamento com relação ao meio ambiente. Nos próprios aterros sanitários há uma manta de polietileno que cumpre a função técnica de isolar o lixo dos lençóis freáticos. As sacolinhas constituem apenas 0,2% do lixo no aterro, não é o fim dela que acabará com o problema. O material orgânico desperdiçado é 65% do total de lixo.
Usina de compostagem seria o lugar ideal para que as emissões fossem menos impactantes ao meio ambiente. A sacolinha biodegradável é degradável porque ela é feita de amido de milho, mas não há usina de compostagem e a degradação será complicada.
Educação ambiental
A educação ambiental é o melhor meio de lidar com essa questão. Não se pode passar por cima das questões social, ambiental e energética.
Via: eCycle
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