Bag-in-box: vilã ou mocinha?
Sustentabilidade

Bag-in-box: vilã ou mocinha?



Recebemos esta semana um e-mail que alertava sobre um novo tipo de embalagem, a bag-in-box, constituída por uma bolsa plástica com uma válvula, colocada dentro de uma caixa de papelão. É utilizada principalmente para o acondicionamento de líquidos. O texto cita o fato de as sacolas plásticas terem se difundido e contribuído para o aumento na produção de lixo no país, e que sua produção tem caído frente ao uso de sacolas reutilizáveis. Entretanto, a bag-in-box seria uma ameaça ao meio ambiente:
Enquanto a maioria caminha nesta nova investida [reduzir ou substituir as sacolinhas] - a tendência ao banimento das sacolas plásticas é mundial - algumas empresas insistem em se manter na contramão. É o caso de duas empresas que em parceria desenvolveram recentemente para o mercado brasileiro de refeições coletivas uma embalagem intitulada “Bag-in-Box”. O problema deste lançamento é que a maior vilã do momento - a sacola plástica – aparece “disfarçada” dentro de uma caixa de papelão.

Trata-se de uma embalagem mista usada para envase de óleo de soja, cujo saco plástico que fica em seu interior pesa 122 gramas - peso equivalente a 46 sacolas plásticas de supermercados. Este resultado é a comprovação de que este modelo de embalagem é poluente e contribui aos milhões de toneladas de sacolas plásticas descartadas como lixo urbano.
O acordo citado no texto é uma parceria entre a Orsa (fabricante de embalagens) e a Louis Dreyfus Commodities (multinacional do setor de grãos e produtos primários). Entretanto, a bag-in-box não é utilizada exclusivamente para o envase de óleo de soja. A Vinícola Aurora começou a vender seus vinhos nessa embalagem em 2006. Segundo a empresa, "esta tecnologia de armazenamento evita que o vinho entre em contato com o ar, preservando as características do produto por várias semanas depois de aberto".

O Embalagem Sustentável apresenta a bag-in-box como uma iniciativa ecológica. O blog afirma que, em substituição à garrafa de vidro, há redução de 55% na emissão de carbono e 85% nos resíduos em aterros, e cita o exemplo da Boho Vineyards, empresa norte-americana que ainda agregou outros valores à embalagem: "O papel da caixa é feito em papel craft cru, sem o uso de cloro para o clareamento do papel. Ele é de papel 95% reciclado e foi impresso com tinta à base de soja".

O Cosmo On Line ainda cita outro uso possível para as bag-in-boxes: o transporte de produtos tóxicos. Por ser mais resistente, evita o derramento do conteúdo, o que poderia causar danos ao meio ambiente, e "requer 12 vezes menos material para ser fabricada do que uma embalagem rígida".

O uso da bag-in-box pode até ser criticado no caso do óleo do soja, especialmente porque não é possível enviá-la para reciclagem, a menos que seja lavada. O e-mail ainda apontava que a embalagem teria sido "desenvolvida para disputar mercado com a lata de aço, a qual, segundo afirmam os especialistas, é 100% reciclável e degradável, além de ter valor comercial como sucata".

Por outro lado, vale lembrar que, neste caso, o público-alvo do óleo é o mercado de refeições coletivas, que adquire esse produto em embalagens bem maiores que as tradicionais, voltadas ao consumidor final e encontradas nos supermercados. Além disso, segundo a DuPont, fabricante do material usado pela Orsa, a bag-in-box promove redução de custos com embalagem e proporciona redução do volume de lixo produzido.

Se a bag-in-box for utilizada como uma solução inteligente para o envase de produtos, então a sua disseminação será bem-vinda. Se ela começar a tirar o espaço de embalagens menos prejudiciais ao ambiente, aí devemos ficar de olho.

Observação 1: esta não é uma crítica ao autor do e-mail. Nós resolvemos divulgar e confrontar as informações por acreditar que uma conscientização ecológica de fato passa pela correta identificação e conhecimento dos problemas ambientais, analisando todos os lados envolvidos.

Observação 2: sobre a pergunta do título, não é possível definir se é a bag-in-box é vilã ou mocinha. Isso depende do uso que será feito, pelos motivos já apresentados. Tentar encontrar a resposta é praticar o maniqueísmo (isso foi rapidamente abordado no último post).

+ no Blog do Jogo Limpo: Especial sobre sacolas plásticas


Foto: Divulgação



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