Agricultura saudável
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Agricultura saudável


No Verão passado frequentei um dos Cursos de Verão da Universidade Católica - Biotecnologia, chamado "Hortas urbanas para todos: do conceito à colheita". Foram abordados os princípios da agricultura biológica, técnicas, consociações, fertilização natural do solo, e sobretudo, o respeito pelo equilíbrio dos sistemas ecológicos.  Falamos da interacção entre animais, plantas e solo, e apenas vislumbrei um manancial de informação que todos os agricultores deviam ter, que antigamente sabiam, e que a agricultura do sec. XX com as suas monoculturas extensivas (quase) enterrou!

O princípio fundamental da agricultura biológica  é o respeito pela natureza e a estrita proibição de pesticidas ou adubos químicos de síntese. O solo é também um dos pilares fundamentais: ao contrário da agricultura "tradicional" que empobrece e mata o solo, com a prática da agricultura biológica o solo é enriquecido. Toda a matéria orgânica não consumida é devolvida ao solo (e mesmo parte da consumida: o estrume). Com compostagem ou sem compostagem (adubação verde).

A agricultura biológica baseia-se na biodiversidade: para além de  certas plantas atuarem como "defensoras" ou "ajudantes" de outras (consociações), se ocorrer uma devastação de uma espécie, por doença, praga ou intempérie, há uma grande probabilidade de outras espécies resistirem e não haver grandes perdas.

A agricultura biológica depende de uma miríade de insectos polinizadores, como as abelhas, e de insectos predadores de outros insectos "vegetarianos", cujo exemplo paradigmático é a joaninha, que é uma feroz devoradora de pulgões e outros pequenos insectos que atacam as plantas. Por isso, e porque a joaninha é extremamente sensível e só aparece onde não há aplicação de pesticidas, ela é o símbolo da agricultura biológica. Para os atrair, certas flores (como os cravos-de-tunes) e as plantas aromáticas  são fundamentais.


A agricultura biológica é um termo que se usa para a agricultura "certificada", e tal como definida em regulamento da União Europeia  (no caso do Brasil, chama-se agricultura orgânica). Neste tipo de agricultura são permitidos alguns produtos químicos menos agressivos para o ambiente, como o caso da calda bordalesa (mistura de cal e sulfato de cobre) e técnicas de "guerrilha biológica", como a "largada" de certos insetos predadores destinados a controlar determinada espécie que se tornou praga. Mas sempre, em último caso.


Na agricultura natural ou ecológica, que vai mais além no respeito pela natureza do que a agricultura biológica, tais produtos e métodos não são usados (sobretudo porque não são precisos), pois esta não se dedica a cultivos extensivos de poucas espécies, mas a cultivos intensivos de uma grande biodiversidade que proporciona o equilíbrio.

A agricultura ecológica não é gananciosa, pois sabe que precisa de "perder" uma parte das suas culturas para manter o equilíbrio do ecossistema. Por exemplo, os melros são predadores de caracóis, mantendo-os em número controlado. Mas há que contar que eles também vão comer uma parte dos frutos.  No fim, chega para todos: para nós, para os pássaros, para os bichinhos vegetarianos e para os insectos predadores...

A agricultura natural tem como princípio a prevenção e o equilíbrio com base no conhecimento dos ciclos e relações na natureza, e evita a todo o custo intervir para remediar. Mas por vezes, desequilíbrio acontecem. E não é por termos uns determinados bichinos por nós indesejados numa ou outra planta que temos uma praga, pois isso é natural. Considera-se uma praga quando uma grande parte de determinada espécie está a ser atacada. Nesses casos, a agricultura natural aplica alguns produtos e técnicas também naturais, como é o caso do chá ou do chorume de urtiga (insecticida natural). E a seguir, tenta descobrir porque é que esse desequilíbrio aconteceu, para tentar evitá-lo no futuro.


No princípio deste ano, frequentei um Curso de Planeamento em Permacultura (PDC= Permaculture Design Course) na Fundação de Serralves, Porto. A permacultura vai muito além da agricultura, pois integra um conjunto de áreas diferentes de modo a poder projetar e manter habitats humanos sustentáveis com o menor consumo energético possível (mesmo energia humana). Mas na base, e para que nos sustentemos no que há de mais essencial- a alimentação - lá está a agricultura ecológica, embora o ênfase na permacultura esteja na agricultura permanente e na agrofloresta.

No fundo, agricultura biológica, agricultura natural ou ecológica, permacultura ou agrofloresta são as facetas da agricultura saudável: aquela que, e por oposição à  agricultura química ( dita "tradicional do século XX"  ou da "Revolução Verde"), não nos envenena, não envenena o solo, a água ou o ar! Antes pelo contrário!




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