Sustentabilidade
O maior desastre ambiental do Brasil
Desabrigados se alojam em ginásio de Teresópolis (RJ), em 13 de janeiro.
(Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo)
A tragédia na região serrana do Rio de Janeiro teve um saldo de 820 mortos até as 21h de segunda, 24 de janeiro, de acordo o G1.
É considerado o maior desastre ambiental e climático da história do Brasil, segundo a revista Veja (apesar das controvérsias).
Culpa do aquecimento global? Não é bem assim, segundo especialistas.
“É bom sempre frisar que
a responsabilidade [pela catástrofe] não deve ser creditada a fenômenos como o aquecimento global ou a imprevistos geológicos e pluviométricos.”, afirmou o geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento e Gestão do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), ao jornal O Estado de S. Paulo. “
Dizer que o problema [das enchentes] é consequência das mudanças climáticas é fugir da responsabilidade, é desculpa dos governos para não fazer nada para resolver o problema”, declarou Debarati Guha-Sapir, diretora do Centro de Pesquisas sobre a Epidemiologia de Desastres, na Bélgica, à BBC Brasil.
Isso não quer dizer que o homem não seja culpado pelo que aconteceu. Os deslizamentos de terra atingem a região por causa do relevo. Reportagem do G1 mostra que a serra funciona como uma barreira, impedindo a passagem das nuvens, que se concentram e provocam muita chuva em uma única área. A água penetra em uma fina camada de terra, que fica encharcada, se desloca da pedra e forma um volume que desce com velocidade.
O fenômeno foi intensificado pelo desmatamento da Mata Atlântica, feito há décadas na região, que enfraqueceu o solo. Sem a vegetação para ajudar a freá-la, a água arrastou com força terra, detritos e tudo em seu caminho. O declive acentuado e a grande quantidade de chuva contribuíram para o resultado devastador, mas estudiosos garantem que
não haveria tantos prejuízos se não fosse pela ocupação desordenada das encostas, com árvores dando lugar a residências.
Todos eles concordam que
a tragédia poderia ter sido evitada e o governo deveria ter agido antes, com medidas de prevenção. Guha-Sapir afirmou que as consequências das inundações são agravadas pelas altas concentrações demográficas e pela falta de atuação do poder público.
Estratégias simples e de baixo custo, como a instalação de um sistema de drenagem,
teriam minimizado os impactos, apontou Maurício Ehrlich, professor de geotecnia da Coppe-UFRJ, à Exame. O geólogo também afirmou que a ocupação deveria seguir um programa de engenharia, com as autoridades fiscalizando e retirando as famílias de regiões de alto risco.
Outro problema ambiental que surge logo depois é relacionado à saúde, como mostra a reportagem da Veja:
O risco de novos temporais ainda não passou, e já surge um grave risco que amplifica a tragédia das chuvas. Nas áreas alagadas, a água contaminada por lixo, insetos e ratos expõe a população a doenças como leptospirose, hepatite A e diarréia. O risco de doenças aumenta porque em muitas áreas o fornecimento de água está cortado, e muita gente acaba consumindo água contaminada.
Diante dos acontecimentos, resta, a longo prazo,
cobrar das autoridades ações mais eficientes contra desastres e, a curto prazo,
ajudar. Veja números de contas e locais para fazer doações no estado do Rio. Em
Uberlândia foi lançada uma
campanha para recolher roupas, alimentos não perecíveis e brinquedos. Saiba como ajudar aqui.ATUALIZANDO (26 de janeiro):1) A leitora Nathália nos avisou que, diferentemente do que foi mencionado antes, o ginásio da foto fica em Teresópolis e é conhecido como "Pedrão". Obrigado, Nathália!
2) Leia também o artigo de Herton Escobar:
O clima também mata.
3) O deslizamento na região serrana já é o oitavo pior do mundo.
Leia mais na notícia da EXAME.com.
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