Brasil
Al Gore não poupou elogios ao programa brasileiro de biocombustíveis, à produção de carros com tecnologia flexfuel (bicombustível) e às chamadas “tecnologias verdes” utilizadas pelo agronegócio no Brasil.
“Tenho que dar meus parabéns pela indústria de etanol e pela poderosa presença do Brasil na indústria automobilística. A indústria de São Paulo e do Brasil teve um forte de papel de liderança e mostrou que precisamos ir longe e rápido”, salientou.
Ele revelou que seu próximo livro, “Our Choices” (Nossas Escolhas), que será lançado daqui a três semanas, trará fotos da produção de etanol.
Desmatamento
O norte-americano evitou criticar o desmatamento da Floresta Amazônica, ao reconhecer que os Estados Unidos têm muitos problemas relacionados ao meio ambiente. Entretanto, enfatizou que os brasileiros precisam reconhecer que a floresta tem outros valores além do da madeira.
“Cientistas encontraram nas plantas a cura para várias doenças e 90% delas foram achadas em florestas tropicais, como as do Brasil”, alertou. Segundo Al Gore, o século 21 será o da biotecnologia, e ela será tão importante quanto a tecnologia da informação é hoje.
“A primeira vez que visitei a Amazônia, há quase 20 anos, fiquei impressionado como a questão do desmatamento era vista. Existem muitas nuances, mas hoje estou impressionado com as iniciativas do Presidente Lula para combater o desmatamento”, reconheceu.
Líderes
“Tenho orgulho da relação entre os nossos países, que é muito boa”. Apesar de admitir o pioneirismo do Brasil na produção de biocombustíveis, Al Gore, defende que o papel de líder ocidental seja dividido com os Estados Unidos, que também produzem etanol em larga escala a partir do milho.
Entretanto, a própria Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) reconhece que o etanol de milho reduz em apenas 20% os efeitos poluentes da gasolina, enquanto o etanol brasileiro de cana-de-açúcar apresenta redução de até 90%.
Legislação
Em processo de análise pelo Senado dos Estados Unidos, a lei que prevê ações de mitigação das mudanças climáticas naquele país ainda está sendo negociada. “O papel dos EUA e da China, os maiores poluidores, são cruciais neste debate”, afirmou.
Al Gore acredita que a lei será aprovada antes da COP-15, mas não será suficiente. “Ela está na última etapa de negociação entre deputados e senadores e qualquer alternativa à lei seria inaceitável”, ponderou.
Convergência
Na abertura do encontro, o presidente da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp/Ciesp), Paulo Skaf, disse que os efeitos sociais, econômicos e ambientais das mudanças climáticas apresentam-se como grandes desafios desta e das próximas gerações.
“No âmbito das negociações da COP-15, o que se espera do Brasil são compromissos de erradicação do desmatamento ilegal, que representa 75% de nossas emissões, segundo o último inventário brasileiro sobre a questão”, afirmou o líder empresarial.
Segundo ele, a Fiesp e o Ciesp “reafirmam sua responsabilidade em promover a melhoria da proteção ambiental e assumem o compromisso de intensificar a economia de baixo carbono dos setores produtivos que representam”.
Na oportunidade, Skaf apresentou documento que destaca a necessidade de convergência dos valores da sociedade brasileira sobre mudanças climáticas. O material também tem intenção de orientar o setor produtivo sobre o assunto. A íntegra do documento pode ser lida aqui.
Interdependência
Patrocinador do evento, o Banco Santander, por meio de seu presidente, Fábio Barbosa, disse que o trabalho de Al Gore à frente de questões ambientais é um marco, e que “pensar verde é o novo pensamento que o mundo deve adotar”.
De acordo com ele, o efeito dominó da crise financeira de 2008 provou que as relações mundiais são interdependentes. “Percebemos que está emergindo uma nova geração de pessoas que ajudarão a construir um mundo novo”, finalizou.
Fonte: FIESP
(http://www.fiesp.com.br/agencianoticias/2009/10/13/al_gore_mudancas_climaticas_fiesp.ntc)