Uso de telemóveis, linhas de muito alta tensão e as antenas, o cancro e outros efeitos- o relatório Bioiniciative de 2007
Sustentabilidade

Uso de telemóveis, linhas de muito alta tensão e as antenas, o cancro e outros efeitos- o relatório Bioiniciative de 2007



O relatório do Bioinitiative Working Group (consultar o pdf), um grupo internacional que reúne cientistas, investigadores e profissionais de saúde pública, datado de finais de Agosto e 2007 manifesta sérias preocupações científicas sobre os limites que actualmente regulam os campos electromagnéticos admissíveis de linhas eléctricas, telemóveis e muitas outras fontes de radiação presentes na vida quotidiana, que considera inadequados para proteger a saúde humana.

Os investigadores apresentam informação detalhada sobre os efeitos nefastos na saúde quando as pessoas estão expostas a radiação electromagnética centenas ou mesmo milhares de vezes abaixo dos limites actualmente estabelecidos pela Comissão de Comunicações Federal (norte-americana) e pelo Comité Internacional europeu para a Protecção de Radiações Não-Ionizantes (ICNIRP, na sigla inglesa).

Os autores analisaram mais 2.000 estudos científicos e concluíram que os limites de segurança existentes são desadequados.

O relatório documenta preocupações crescentes relacionadas com a leucemia em crianças (devido a linhas eléctricas), tumores cerebrais e neuromas acústicos (tumores do nervo auditivo), relacionados com telemóveis e telefones sem fios, e doença de Alzheimer.

Existem evidências de que os campos electromagnéticos (CEM) são um factor de risco para o desenvolvimento de cancro em crianças e adultos, salienta o documento.

O especialista em saúde pública e co-autor do relatório David Carpenter, director do Instituto de Saúde e Ambiente da Universidade de Albany, afirmou que o estudo é um alerta para os efeitos da exposição a longo prazo aos campos electromagnéticos. É necessário um bom plano de saúde pública para prevenir o cancro e as doenças neurológicas ligadas à exposição a linhas eléctricas e outras fontes de CEM.

As questões relacionadas com CEM e linhas eléctricas surgiram pela primeira vez em 1979, quando quando uma especialista em saúde pública e um engenheiro eléctrico constataram que as crianças que viviam em áreas próximas de linhas eléctricas e postos de transformação tinham duas a três vezes mais probabilidade de desenvolver leucemia .

Lennart Hardell, professor do hospital universitário de Orebro (Suécia) e especialista em tumores cerebrais afirmou que a evidência de riscos associadas ao uso prolongado de telemóveis ou telefones sem fios já é muito forte, quando se analisam as pessoas que usam estes aparelhos há dez ou mais anos e quando são usados, sobretudo, num só lado da cabeça.

Um resumo dos vários estudos sobre tumores cerebrais mostra um aumento de 20 por cento dos riscos relacionado com dez anos de utilização. Mas o risco aumenta para 200 por cento quando os aparelhos são essencialmente usados num só lado da cabeça

Outro alerta vai para as tecnologias sem fios que usam radiofrequência para enviar e-mails e comunicações de voz e que são milhares de vezes mais fortes do que os níveis identificados estando associados a sintomas físicos, incluindo dores de cabeça, fadiga, sonolência, tonturas, alterações da actividade cerebral e falta de memória e concentração.

Os cientistas revelam que estes efeitos podem ocorrer mesmo com pequenos níveis de exposição, se acontecer numa base diária, sendo as crianças mais vulneráveis.

O relatório conclui que os dados actuais, embora limitados, são suficientemente preocupantes para questionar a fundamentação científica dos limites de segurança em vigor.

A Agência Europeia do Ambiente (AEA), que foi parceira neste estudo, recomenda igualmente a adopção do princípio de precaução.

Existem muitos exemplos em que o princípio de precaução não foi assumido no passado e que resultaram em danos sérios e, muitas vezes, irreversíveis para a saúde e o ambiente, declarou Jacqueline McGalde, directora executiva da AEA, recomendando a adopção de acções para evitar ameaças sérias, potenciais e plausíveis, para a saúde devido a presença de campos electromagnéticos.
[Lusa, 4 de Outubro de 2007; notícia incluída num artigo da revista Corpo e Mente]

Resume in English by Devra L. Davis, PhD MPH

The Biointiative Report came out in 2007 and sent shock waves through parts of the research community. The product of Cindy Sage, an experienced environmental consultant, and David Carpenter, a distinguished researcher and former dean of public health at State University of New York, this report by more than two dozen expert scientists provided a concise overview of studies ranging from experimental work in cell cultures and animals to the evolving and contradictory efforts of epidemiologists. The sheer volume of evidence was daunting. Their work reviewed more than a thousand studies, many of which showed that radiofrequency exposures just like those released by phones could damage cells, impede neurotransmitters, cause leakage into the brain, and even worsen performance, insomnia, and memory loss. However, there was no denying that most published studies of RF found no effect at all. Henry Lai of the University of Washington—a pioneer in the field—identified a peculiar sort of publication bias at work. When he produced break-through studies in 1994 showing that RF could damage the DNA of rat brain cells, industry tried to get him fired and block publication of his research. They also funded what is now termed advocacy research: giving money to scientists with the explicit intent of undermining suspicions that had been raised about the safety of RF. As funding for his own work on RF dried up, Lai left the field for a while. Sensing that what had happened to him was no accident, Lai turned his own scientific microscope on the funding for RF research over all and produced a simple finding—in looking at all the studies conducted on RF, he determined that the chances that any study would find that cell phones were harmful depended on who had paid for the work. If a study was funded by industry (as most were) the chances they would find any risk was about .2. But if studies were independently funded (and a few were)the chance that results would be positive was .8. Still, the majority of scientists, including Nobel Laureate Robert Weinberg, who, like other scientific luminaries with no training in RF science, has been a consultant to the cell phone industry, hold to the dogma that without warming nothing can happen biologically. This view has been carefully nurtured. Public relations firms have ensured that Lai’s work was deliberately targeted and war-gamed, employing others to launch critical attacks on findings that RF could be harmful. Science became simply a tool in the public relations strategy. The notion that without generating a change in temperature there could be no biologic effect became widely bandied about as scientifically implausible, a violation of the basic laws of physics.




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