A minha resposta iria neste sentido.
1º O mito da fome: a questão da fome no mundo é colocada sempre sobre o principio da escassez e nunca é vista como uma questão de má, e injusta redistribuição e alimentos.
Por exemplo: como podemos justificar que Tanzania, sendo um dos paises africanos onde mais se pesca, seja onde o consumo de peixe é menor, e onde existem altos indexes de fome? simples, os tratados bilaterais, bem como as imposições economicas por parte de outros paises sobre a divida externa de Tanzania obrigam a que o país exporte a maioria das suas pescas. O que depois significa também na europa, que paises como Portugal e Grecia, recebam incentivos para o abate das suas frotas pesqueiras.
Isto impõem não só pressões enormes sobre os países, mas também uma pressão ambiental sobre tanzania que tem de produzir peixe suficente para cumprir as exportações, originando problemas ambientais como os que temos no lago vitoria.
2º A fome não é só uma questão de ter ou não ter comida. Está associada à cultura e à historia dos povos. Existe uma relação psico-emocial-social com a alimentação, e descartar isso da discussão é ignorar por completo a complexidade do fenomeno da fome.
Podes explicar isto muito bem como culturas como a mexicana, cuja diversidade de milho está associada à sua alimentação. A textura, as cores, os sabores, e até mesmo as formas de produção.
Isto para dizer, para além da perda de agrodiversidade promovida pela monocultura, ela também destroi sistemas de produção integrada. A Milpa, sistema de produção de milho no mexico, engloba a produção do milho, com a da abobora e com o feijão, três dos principais elementos que compõem a alimentação do povo mexicano. Ora se substituis isso por milho em monocultura, na verdade estás a promover a fome, e não a alimentação.
3º A monocultura e o milho trangenico (o hibrido também) são desenhados de acordo com uma visão de ambiente e sociedade norte-americanas. E até é possivel que nas primeiras colheitas agricultures portugueses e indianos possam ter bons resultados, o problema está associado à continuação da produção, que a longo prazo tem demonstrado não apresentar uma analise de custo-benificio favoravel aos pequenos agricultures.
Por outro lado, a questão dos trangénicos implica que se percam as redes de troca de sementes, o que em termos de produção mais tarde o agricultore verá que as sementes que compra à empresa são por vezes 10 vezes mais caras que as que comprava anteriormente e podem custar até 40% do rendimento da produção.