Uma flor nasceu na rua!
Sustentabilidade

Uma flor nasceu na rua!


Numa rua de V.N. Famalicão, 25 Maio 2012
Um poema de Carlos Drummond de Andrade serviu de mote ao texto de Marina Silva,  ex-ministra do meio ambiente e ex-candidata à presidência do Brasil,  publicado no jornal Folha de S. Paulo no dia29/06/2012, que abaixo se transcreve.


Todas as vozes que aqui trouxe sobre o tema Cimeira Rio+20 apontam em uníssono:

Não há qualquer esperança de mudança para um mundo mais sustentável e justo que se possa depositar nos governos e naqueles que governam os governos e se governam com eles.

Mas a esperança está vós e em nós, simples cidadãos que acordámos e não aceitamos as regras viciadas deste jogo que não escolhemos e que escolhemos não jogar, porque,   nas nossas ações individuais e coletivas, escolhemos ser a mudança que queremos ver. 
«Falando de Flor
por Marina Silva

"Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios, garanto que uma flor nasceu."


Após o paralisante "nada a declarar" de líderes mundiais na Rio+20, é preciso muita poesia para manter a persistência que --como diz o apóstolo-- produz a esperança. E então a acidez singela da poesia de Drummond veio em socorro de minha fome poética. O genial poeta itabirano celebra o nascimento de uma flor na fresta do asfalto, superando a indiferença humana e o pesado invólucro da civilização.

Assim me sinto ao lembrar os intensos dias em que organizações civis e milhares de pessoas manifestaram, no Rio, sua indignada exigência de atenção perante os dirigentes de Estado reunidos na conferência da ONU. Gente de todos os continentes, de jovens ativistas de grandes cidades a líderes de pequenas comunidades indígenas, dando demonstrações criativas, como a "Marcha a Ré" que parou o Rio, de que o mundo quer viver.

Infelizmente, a conferência oficial não ouviu isso. E o poema de Drummond me revela sua dimensão profética, que, feitas as contas, pode ser válida até a Rio+40 se predominar a desdita ambiental das necessidades presentes: "Depois de quarenta anos,/e nenhum problema resolvido, sequer colocado./Nenhuma carta escrita nem recebida./Todos os homens voltam pra casa".

Mas o desafio dos que voltam para casa, décadas após décadas de "Rio+" que se somam sem subtrair os problemas, é extrair a "esperança mínima" de que fala o poeta, para não cair no vazio da queixa que paralisa até os jovens, cuja natureza é andar: Andar à frente,/andar ao lado,/de marcha a ré e atravessado,/enveredando pelo futuro,/no chão dos rastros deixados.
Foto minha, de telemóvel, Maio 2012
Desde a retomada da democracia vemos o florescimento de movimentos sociais antes abafados pelo autoritarismo, com um ideário amplo que antecipava o novo milênio. Essa é a flor que agora irrompe no asfalto. Sua delicadeza denuncia as rachaduras do sistema que já não consegue impedi-la de brotar.

Chegou a hora de a sociedade tomar iniciativas próprias, buscar autonomia e independência. Sem recusar nem desconhecer a política e o Estado, ir além deles e fazer mudanças na vida com a noção ampla de um novo contrato natural --pois inclui os demais seres vivos e ecossistemas--, não só um contrato social. Conseguiremos? Estamos maduros para o que o tempo nos exige?

Aqui se revela a necessidade da utopia, que ultrapassa as ilusões limitantes do pragmatismo e reafirma a força da esperança, sem a qual não há futuro. No fim das contas --Drummond sabia--, é a poesia que faz brotar a flor.»




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