Um grão de areia
Sustentabilidade

Um grão de areia


Na passada quinta-feira, dia 12, saiu no semanário famalicense Cidade Hoje um artigo de Rui Lima dedicado a este blogue, intitulado «Um “grão de areia” para ajudar a informar e a mudar comportamentos», baseado numa entrevista e que começa assim:

"Nasceu em VN Famalicão, em Março passado, um blogue que versa a Sustentabilidade (http://sustentabilidade--devnaoepalavraeaccao.blogspot.com) do planeta que habitamos. A importância do tema e o trabalho meritório desenvolvido tem suscitado a curiosidade de muitos, ao ponto do blogue ser referenciado no site do Canal Odisseia."

Quero deixar aqui um agradecimento especial ao Rui Lima, director do Cidade Hoje, pela preocupação com este nosso planeta e pela oportunidade dada de divulgar este tema e este blogue. Assim como pelas palavras de alento.

Dada a importância da última pergunta formulada, que me fez reflectir bastante, vou fazer a sua transcrição para aqui, para que os nossos visitantes possam contribuir para descortinar outros motivos e razões. É uma pergunta muito bem pensada, mas de dificílima resposta cabal. Por isso, espero que me ajudem.

"CH: Ecologia, Ambiente, Fome, Pobreza, (Des)Igualdade... Porque é que ainda continua a haver tanta gente pouco preocupada com estes temas?"

"MA: Precisava de um curso de sociologia e outro de antropologia para lhe responder adequadamente mas, mesmo assim, vou tentar dar apenas uma opinião de leiga.

Em primeiro lugar, o grau de egoísmo das pessoas, mais que uma característica inata é, sobretudo, fruto da sociedade. Basta lembrar o Portugal rural de há 30-40 anos, em que a entreajuda era a palavra de ordem e comparar com as grandes cidades actuais, onde pode estar uma pessoa a morrer de fome e solidão na mesma rua onde passam pessoas que vão comprar um par de sapatos a 500 euros, e que nem sequer a vêem.

Depois, só quando estamos conscientes das forças que nos pressionam a actuar de determinada maneira é que conseguimos tomar a decisão de continuar ou não a agir desse modo. Por exemplo, no capitalismo, a economia de consumo e o seu veículo publicidade, impeliram-nos a "criar novas necessidades" e a comprar cada vez mais para as satisfazer. A maioria das pessoas não está consciente dessas forças externas que modelam o seu comportamento, por isso, nem sequer formulam a hipótese de mudar o modo de agir.

No que respeita à preocupação com o ambiente, apesar da crescente atenção, a verdade é que ainda são muito poucas as pessoas que têm a noção da magnitude do problema e do esforço que precisamos de fazer.

Nas escolas já está a ser feito um trabalho louvável na educação para a protecção do ambiente. Mas é preciso também que se alargue o círculo de intervenção à sociedade civil, aos adultos: se as crianças aprendem na escola uma coisa e vêem em casa outra, o resultado não será muito eficaz.

Quanto às questões de natureza social, que para mim fazem parte do conceito de sustentabilidade, a razão fundamental é mesmo o "egoísmo social", resultado da sociedade em que vivemos. Felizmente, neste campo noto sinais de mudança. Há já uma sensibilização maior para a pobreza e para a fome que está por perto, há cada vez mais associações e organizações para ajudar quem mais precisa. Mas é ainda muito insuficiente para responder às necessidades, que, face às crises económica e ambiental, são cada vez maiores. Sobretudo à escala global. A maioria ainda não tem a noção de que há mais de mil milhões de pessoas a passar fome, que há comunidades inteiras na miséria, que morrem 10 crianças por minuto de fome. E esses não têm ninguém por perto para ajudar.

Usa-se muito a desculpa de que o Estado, a ONU ou as Organizações Não Governamentais é que deveriam cuidar dessas situações. Mas nós é que somos o Estado, a ONU e as ONG's."




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