A escassez da água é um dos problemas mais dramáticos do nosso tempo
Segundo a ONU, “a menos que sejam feitos mais esforços para reverter as tendências atuais, o mundo vai ficar sem água doce”. A escassez de água afeta quase todos os continentes e mais de 40% das pessoas em nosso planeta, Seguindo as tendências atuais, 1,8 bilhão de pessoas estarão vivendo em países ou regiões com escassez absoluta de água em 2025.
Nesse cenário o reuso de água aparece como uma forma ecologicamente correta de tentar reverter o problema. Porém, cientistas chineses alertam que a prática é uma séria ameaça para o planeta e, consequentemente para a saúde humana.
Estações de tratamento de águas residuais convencionais são projetados para remover sólidos, matéria orgânica e nutrientes da água, mas eles não estão devidamente equipados para tratar águas residuais de hospitais e laboratórios farmacêuticos. Em particular, a maioria das estações de tratamento na China não removem traços de antibióticos e pode mesmo tornar-se “reservatórios” para eles, como escreveram os pesquisadores.
Os pesquisadores descobriram que os parques urbanos da China “encharcados” com água reciclada continham níveis perigosamente elevados de genes resistentes a antibióticos, com quantidades de 100 vezes para 8655 vezes maior do que em outros parques.
Em abril deste ano, um relatório da Organização Mundial de Saúde fez soar o alarme sobre o crescimento da resistência das bactérias aos antibióticos em todo o mundo: “Esta grave ameaça não é mais uma previsão para o futuro, está acontecendo agora em todas as regiões do mundo e é agora uma grande ameaça para a saúde pública”.
A água é inodora, insípida e incolor, assim como os venenos que a contaminam. A conexão entre nosso banheiro e águas superficiais e subterrâneas descortinam um cenário assustador: através de nossas fezes e urina eliminamos resíduos de drogas ilícitas como maconha, cocaína, ecstasy e heroína, resíduos de anticoncepcionais e estimulantes sexuais, ansiolíticos, além dos antibióticos.
Artigo da revista científica Nature publicado esta semana, alerta que nosso esgoto não tratado potencializa os impactos da concentração de mercúrio nos oceanos, que triplicou em relação aos níveis pré-industriais.
Estima-se entre 1,5 milhão a 2 milhões o número de crianças nascidas anualmente na União Europeia com níveis de exposição ao mercúrio associados ao deficit de QI. Na vida selvagem e marinha os níveis de mercúrio comprometeram a saúde reprodutiva e de fertilidade de alguns peixes e pássaros.
Do ponto de vista do planeta não existe “jogar fora”. Não existe “fora”. Fica tudo aqui mesmo.