Sustentabilidade

Sujeira debaixo do "tapete"

A notícia do fechamento do shopping CenterNorte, na semana passada trouxe muitas dúvidas e só uma certeza: lixões e aterros são como jogar a sujeira pra debaixo do tapete.

O Center Norte foi construído sobre um antigo lixão (aterrado), onde há atualmente altas concentrações de gás metano, proveniente da matéria em decomposição. Para a Cetesb, há risco de explosões uma vez que esse gás é altamente inflamável.

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico realizada pelo IBGE em 2000, coletava-se no Brasil diariamente 125,281 mil toneladas de resíduos domiciliares e 52,8% dos municípios Brasileiros dispõe seus resíduos em lixões como o que existia debaixo do Center Norte.

Mas qual a diferença entre lixão, aterro controlado e aterro sanitário?

Um lixão é uma área de disposição final de resíduos sólidos sem nenhuma preparação anterior do solo, nem do material ali depositado. Não é feito nenhum sistema de tratamento. O chorume (líquido preto que escorre do lixo) penetra pela terra levando substâncias contaminadas para o solo e para o lençol freático.

Moscas, pássaros e ratos convivem com o lixo livremente a céu aberto, juntamente com um dos piores passivos sociais, pois crianças, adolescentes e adultos catam ali, comida e materiais recicláveis para vender.

O aterro controlado é uma fase intermediária entre o lixão e o aterro sanitário. Em geral é uma versão do lixão que foi remediado; que recebeu cobertura de argila, e grama (idealmente selado com manta impermeável para proteger o "material" da chuva) e captação de chorume e gás.

Por último, temos o aterro sanitário que antes de iniciar a disposição do lixo, teve o terreno preparado com o nivelamento de terra e com o selamento da base com argila e mantas de PV. Desta forma, o lençol freático não é contaminado pelo chorume. Este é coletado por drenos, que o levam para um poço de acumulação.

Passados seis meses, quando a vazão e os parâmetros já são adequados para tratamento, o chorume acumulado será encaminhado para a estação de tratamento de efluentes. A operação do aterro sanitário, assim como a do aterro controlado prevê a cobertura diária do lixo, não devendo ocorrer a proliferação de mau cheiro e poluição visual.

Mas, nenhuma destas opções pode ser considerada ideal.

Hoje, o lixo não reciclável pode ser transformado em energia, como já acontece na Usina Verde, instalada no Estado do Rio de Janeiro. São processadas 30 toneladas de lixo, por dia, com uma geração de energia que seria suficiente para atender 20 mil habitantes.

No caso do Center Norte e do Cingapura, drenos cancelaram a interdição e a remoção das famílias residentes. Mas a solução não é, pelo menos não devia ser, definitiva. Lembremos: o gás metano liberado na atmosfera é um dos principais poluidores, causadores do aquecimento global. Duvide-o-dó que estas emissões serão de alguma forma, neutralizadas.

Além das pessoas que vivem no Cingapura, al lado do shopping, estima-se que outras 17 mil vivam em situação semelhante, em casas construídas sob antigos lixões, sem nenhum tipo de tratamento.

Nos últimos dois anos, 13 lixões foram fechados no estado de São Paulo por disposição inadequada dos resíduos: Itapecerica da Serra, Araras, Mongaguá, Itanhaém, Embu-Guaçu, Mairinque, Itapuí, Monte Alto, Juquitiba, Itaquaquecetuba e Taubaté.

A fiscalização dos aterros, fica a encargo da SMA (Secretaria do Meio Ambiente) que deve ajudar as prefeituras a solucionar o problema.

Em 2008, o Governo destinou R$14,6 milhões para 81 cidades. Em 2009 foram R$ 18,7 milhões.

Vamos ver quais serão as propostas reais dos próximos candidatos à prefeitura com relação à esse fétido mal!

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