Sustentabilidade
Sinais do tempo, sinais do clima
Foram 36 "posts" em que ao longo dos últimos 17 meses aqui se referiu o tema do aquecimento global e das alterações climáticas. Sobretudo apelando a uma mudança de comportamentos com vista à redução de emissões de CO2.
A luta pela exigência de políticas sérias e justas para o combate às emissões de CO2, ficou gravemente "ferida" com o fracasso da cimeira de Copenhaga. Para aumentar o desânimo, o caso "climategate" serviu bem os interesses dos detentores dos sectores energéticos do petróleo e do carvão ao confundir e baralhar as pessoas.
É incrível como poucos negacionistas do aquecimento global conseguem deitar por terra o trabalho de milhares de cientistas e activistas ao longo de mais de duas décadas. As razões porque isso acontece, não as sei, mas atrevo-me a lançar algumas hipóteses: a) as pessoas preferem não fazer esforços para mudar comportamentos, pelo que preferem acreditar em quem nega o aquecimento global, ou que o mesmo tenha causas humanas; b) os políticos são fracos e estão comprometidos, não com o povo que os elegeu, mas com quem financia as campanhas e outros projectos de "interesse estratégico"; c) as petrolíferas pagam muito bem a alguns cientistas para desmentir o trabalho de seus colegas; ...
Entretanto, novos estudos apontam que as consequências das alterações climáticas ainda são mais graves do que o que concluíram os estudos anteriores. E o planeta está a dar demasiados sinais, basta ler, ver ou ouvir as notícias. São só alguns exemplos recentes:
Inundações no Paquistão
«Número de afectados pelas chuvas no Paquistão sobe para 15 milhões - Mais de 1600 mortos, 15 milhões de pessoas afectadas, 650 mil casas destruídas, pelo menos 550 mil hectares de terra agrícola alagada. As cheias no Paquistão, as piores dos últimos 80 anos, não dão sinais de abrandar» (fonte: Público, 08/08/2010)
«Milhões de crianças paquistanesas precisam de ajuda por causa de inundações - Cerca de três milhões de menores afetados por uma das piores inundações da história do Paquistão precisam de assistência especial, enquanto as águas continuam causando estragos em quase todas as províncias, informou hoje à Agência Efe uma fonte do Unicef.» (fonte: Agência EFE, 09/08/2010)
Onda de calor e incêndios na Rússia
«Onda de calor na Rússia sem precedentes nos últimos mil anos - O director dos Serviços Meteorológicos russos, Alexandre Frolov, declarou hoje, segunda-feira, que o país nunca conheceu uma onda de calor tão intenso durante os mil anos da sua história. "Desde o momento da formação do nosso país, ou seja, num período de mil anos, nada de semelhante aconteceu do ponto de vista do calor. Nem nós, nem os nossos antepassados fixámos tal coisa", disse em conferência de imprensa. "Trata-se de um fenómeno absolutamente único, não há nada igual nos arquivos das observações", frisou.» (fonte: Jornal de Notícias, 09/08/2010).
«Moscovo declara estado de emergência junto a centro nuclear nos Urais - As autoridades russas declararam o estado de emergência junto ao centro de reprocessamento de resíduos nucleares de Maïak nos Urais. A medida deve-se aos incêndios florestais que lavram na região. Esta é apenas uma de várias instalações nucleares que se encontram em regiões ameaçadas pelos fogos florestais que nas últimas semanas consumem vastas áreas do território russo» (fonte: RTP, 09/08/2010)
Cheias na Europa Central«
Inundações matam na Europa - Os efeitos da forte precipitação estão a atingir uma vasta área que abrange países como a República Checa, a Polónia e a Alemanha. Na República Checa, havia registo de pelo menos cinco mortos e três desaparecidos, que se receia terem morrido afogados. Centenas de pessoas foram retiradas e, além disso, milhares de outras estavam sem electricidade e gás»
(fonte: Correio da Manhã, 09/08/2010). «
Número de mortos em inundações na Europa Central sobe para dez - A inundação atingiu a zona nas fronteiras entre Polónia, Alemanha e República Checa.» (fonte: TSF, 08/08/2010) Deslizamentos de terras na China
«Deslizamentos de terras matam no Noroeste da China - 127 pessoas morreram na sequência de deslizamentos de terras causados pelas chuvadas que têm caído no Noroeste da China, anunciou ontem a agência Nova China. 1300 outras pessoas estão dadas como desaparecidas, podendo o número de mortos vir a aumentar. Trata-se das piores inundações no país em dez anos.» (fonte: Diário de Notícias, 09/08/2010)
«Deslizamentos de terras na China - A electricidade foi cortada na maior parte da região, a última a ser atingida pelas chuvas torrenciais, que, desde o início do ano, fizeram mais de 2.100 mortos ou desaparecidos em todo o país e provocaram a deslocação de cerca de 12 milhões de pessoas» (fonte - Euronews, 09/08/2010)
«Deslizamento de terras fez mais de 300 mortos - O balanço das vítimas do deslizamento de terras na província de Gansu, noroeste da China, aumentou para 337 mortos e 1148 desaparecidos, divulgaram hoje os órgãos de comunicação oficiais.» (fonte: DN através de Lusa, 09/08/2010)
Ilha de gelo desprende-se de glaciar da Gronelândia
«Bloco gigantesco desprende-se de glaciar na Gronelândia - Um gigantesco bloco de gelo desprendeu-se do glaciar Petermann Glacier, no norte da Gronelândia. De acordo com um investigador da Universidade da Delaware, citado pela Associated Press, o bloco de gelo mede mais de 260 quilómetros(...) É o maior bloco de gelo que se desprende da Gronelândia desde 1962. » (fonte: TVI24, 07/08/2010)
«"Ilha de gelo" separou-se de glaciar na Gronelândia - Um icebergue gigante, com uma superfície quatro vezes maior do que a ilha de Manhattan, separou-se do glaciar Pettermann, um dos maiores da Gronelândia, cerca de mil quilómetros a sul do Pólo Norte. » (fonte: Euronews, 08/08/2010)
«Ilha gigantesca separa-se de glaciar - Segundo Andreas Munchow, que detectou o evento, a ilha de gelo tem uma superfície de 250 quilómetros quadrados e a altura de um arranha-céus. A água da placa de gelo é equivalente à quantidade necessária para manter durante 120 dias todas as torneiras de abastecimento público nos Estados Unidos.» (fonte: Diário de Notícias, 07/08/2010)
2010 regista temperaturas mais altas dos últimos tempos
«Cinco primeiros meses de 2010 foram os mais quentes em 130 anos - Os cinco primeiros meses de 2010 foram os mais quentes registrados desde 1880, quando começaram as medições, segundo um relatório do Centro Nacional de Dados Meteorológicos americano.» (fonte: Abril - 05/07/2010)
«Last month was the hottest June recorded worldwide, figures show - US government climate data suggests 2010 on course to be warmest year since records began» (fonte: The Guardian, 16/07/2010)
Vamos continuar a enfiar a cabeça na areia? Ou vamos mesmo mudar comportamentos e exigir aos nossos políticos o mesmo? Finalizando, ficam as ligações para uma página com conselhos para todos nós: Naturlink - Recomendações Ambientais, e para um artigo com conselhos para os decisores políticos, de Bjorn Lomborg no Jornal de Negócios Online: Energia Verde Acessível.
Sobre este tema, vale a pena ler o texto integral de Ana Paula Fitas no seu blogue A Nossa Candeia: Do Aquecimento Global à Negligência Política, que assim termina:
"... por tudo isto é, cada vez mais, urgente, pensar, responder e agir em conformidade perante a questão: estaremos perante uma limitação das capacidades humanas ou, de novo, apenas e só, perante a dinâmica do lucro e do uso que do dinheiro é feito pelas escolhas determinadas pelas redes do poder?"
(imagens obtidas na internet)
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