Sustentabilidade
Relembrar o Sermão do Bom Ladrão
Os factos devem provar a bondade das palavras (Séneca). 21 de Setembro e em todas as outras manifestações, façamos cordões humanos, demos as mãos aos polícias, mostremos a Carlos Moedas, a Antónios Mexias, Borges, Paulos Portas, Sócrates, Jorge Coelho e outros sociopatas que eles não conquistaram o mais importante: a nossa dignidade. Podemos ir também por greves de zelo. Insistem em roubar e roubaram-nos muito (seja com PS seja com PSD/CDS) mas não conquistaram o mais importante: o nosso coração, o coração de muitos escritores, o coração de alguns empresários, o coração de milhares de professores, médicos, enfermeiros, alguns juízes, milhões de pobres, imigrantes, etc. Relembro ainda aqui um excelente texto: SERMÃO DO BOM LADRÃO, Dr.ª Maria José Morgado, directora do DIAP, in Expresso, Maio de 2011.
A voracidade incontrolável do sector empresarial do Estado tem sido fonte de corrupção e miséria. Espantoso é descobrir a denúncia destas espertezas lusas no “Sermão do Bom Ladrão”, do Padre António Vieira. “BASTA SENHOR QUE EU PORQUE ROUBO EM UMA BARCA SOU LADRÃO E VÓS PORQUE ROUBAIS EM UMA ARMADA, SOIS IMPERADOR? ASSIM É”. Pois a armada agora será o sector empresarial do Estado guiado pelo lema do sorvedouro dos dinheiros públicos. Alguns pequenos exemplos, segundo um especialista. HÁ 14.000 ENTIDADES, 900 FUNDAÇÕES, 100 EMPRESAS DO ESTADO CENTRAL E LOCAL COM DUPLICAÇÃO DE FUNÇÕES, DE DESPESAS E DESPERDÍCIOS ABSURDOS ALIMENTADAS POR DINHEIROS PÚBLICOS E TUTELADOS PELO GOVERNO. FUNCIONAM EM REGIME DE APAGÃO ORÇAMENTAL. Outra particularidade lusa é A DE SERMOS O LÍDER EUROPEU DAS PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS EM PERCENTAGENS DO PIB. Os encargos assumidos nestes contratos entre o sector público e os consórcios de empresas privadas nas infra-estruturas rodoviárias, ferroviárias e da saúde correspondiam, em 2009, a cerca de 50 MIL MILHÕES DE EUROS. Os vultuosos encargos da REFER e a Estradas de Portugal também não eram sujeitos a prestação de contas. Os fins públicos visados nalguns destes grandes negócios são curiosos: traduzem-se numa rede de transações entre o Estado e particulares, intermediadas por empresas-veículo das quais o Estado também faz parte, com SOBREFATURAÇÃO AO CONTRIBUINTE, numa original competitividade. A proteção do concessionário privado tornou-se normalmente ruinosa para o Estado. Outro mistério é o fenómeno da derrapagem nas obras públicas. A Casa da Música apresentou uma derrapagem de 300%. Não é excepção. A metodologia das derrapagens parece essencial. OS ESTÁDIOS DO EURO-2004 SÃO UM ENCARGO DE MAIS DE MIL MILHÕES DE EUROS A SUPORTAR EM 20 ANOS. É O CAMPO DE ALTO RISCO DAS DECISÕES SOBRE MERCADOS PÚBLICOS, OBRAS, EMPREITADAS,SUBSÍDIOS.SEM PRESTAÇÃO DE CONTAS. SEM GESTÃO DE RISCOS. O ESTADO TEM ASSUMIDO QUASE SEMPRE OS ENCARGOS COM PROTECÇÃO EXAGERADA DAS EMPRESAS PRIVADAS, COMO SE OS DECISORES PÚBLICOS NÃO ESTIVESSEM VINCULADOS POR DEVERES DE EFICIÊNCIA NO BOM USO DOS DINHEIROS DOS CONTRIBUINTES. Neste húmus de más práticas foi como se o ESTADO ENTREGASSE A CHAVE DO GALINHEIRO À RAPOSA. A CRÓNICA MÁ GESTÃO DOS DINHEIROS PÚBLICOS ALIADA AO CONCUBINATO ENTRE CERTAS EMPRESAS E O ESTADO DESTRUÍRAM A ECONOMIA E A CAPACIDADE DE PRODUZIR RIQUEZA. Foi o resvalar da incompetência e do desleixo para formas de corrupção sistemática com o descontrolado endividamento público. O sistema económico da livre iniciativa foi substituído pelo sistema da planificação central das comissões. A INOPERÂNCIA DA JUSTIÇA NESTA ÁREA AGRAVOU A PATOLOGIA. NINGUÉM RESPONDEU FINANCEIRAMENTE POR NADA. Consagrou-se um espaço de actuação sem risco. O resultado está à vista: empobrecimento do país, enriquecimento ilícito e imoralidade pública. O Ministério Público, a polícia, os tribunais devem assumir a sua quota-parte de responsabilidade na mudança da parábola do bom ladrão. “ROUBAR POUCO É CULPA, ROUBAR MUITO É GRANDEZA”. Até quando?
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