Por muito mais que R$ 0,20
Sustentabilidade

Por muito mais que R$ 0,20


Cheguei de férias anteontem em São Paulo (aproveitando, desculpo-me pela ausência) achando que esse primeiro post seria sobre como vi, em aldeias no deserto, pessoas se protegendo da falta de água, do calor do verão e do frio invernal... Seria um post lindo, fotos incríveis... mas infelizmente este, ficará para depois.
Isso por que algumas coisas urgem e a seca no deserto é velha conhecida.
Quando na sexta-feira abri os jornais, falei com amigos e liguei a tv, desacreditei.
A população finalmente havia saído às ruas, de forma meio desorganizada ainda, é fato, mas parece que as pessoas acordaram.
A gota d'água foi o aumento, sem benefício em retorno, da tarifa de um transporte público vergonhoso e insuficiente para atender uma população que muitas vezes fica 1, 2 horas espremida igual sardinha pra ir de casa ao trabalho e do trabalho pra casa.
População esta que está melhor de vida sim, mais informada, mais esperta e não aguenta mais ler diariamente que alguém foi morto por nada e que ninguém fez também nada.
Que não acredita quando lê que mais uma vez um político terá uma segunda chance, mesmo tendo cometido um crime e por ele sido julgado e condenado.
População que vive com medo: de levar tiro, do filho se perder, de perder o filho...
E assim íamos vivendo na apatia do medo, guardando a raiva da indignação; assinando e repassando petições contra isso e à favor daquilo sem perder mais de 2 minutos mas também sem ganhar nada.
Pois parece que acordamos.
Não são só R$ 0,20.
Os R$ 0,20 são a última gota, num copo cheio com tudo o que há de errado nesse país!
Cheio de violência crescente, de crimes impunes, de falta de credo.
Um país cede da próxima copa, das próximas Olimpíadas; com tudo para crescer e dar certo, estagnado, com falta de moral.
Nossa história recente está cheia de repressão, de homem fardado esquecendo que faz parte do povo e que tem os mesmos medos, anseios e demandas, reagindo com violência à democracia.
Na Turquia e em todos os países que viveram a primavera árabe, na Espanha, Portugal e Grécia que vivem em meio à crise, quem sai às ruas é revolucionário, ativista. Aqui é baderneiro.
Não vou ficar com medo de bala de borracha, de gás lacrimogêneo.
Tenho muito mais medo da inércia e da passividade, de que as coisas continuem como estão.
Amanhã, segunda-feira 17/6, estarei lá no largo da batata e levarei comigo a indignação daqueles que fazem tudo pro país e recebem muito pouco em troca.
Toda revolução começa pequena, nesse nosso caso, começou com R$ 0,20.












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