Paz e direitos humanos
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Paz e direitos humanos


Por exortação do Papa Paulo VI, desde 1968 que se comemora o Dia Mundial da Paz no meio católico. Entretanto, desde 2002 que a ONU designou o dia 21 de Setembro como o Dia Internacional da Paz. Por mim, até podiam haver mais Dias da Paz, aliás gostava imenso que todos os dias fossem Dias da Paz.

E porque não pode haver paz verdadeira sem haver respeito pelos direitos humanos, começo o ano a relembrá-los com o vídeo abaixo, que recomendo vivamente a quem ainda não o viu. Mais abaixo, fica uma parte da mensagem do Papa Paulo VI no 1º Dia Mundial da Paz.



"MENSAGEM DE SUA SANTIDADE PAPA PAULO VI PARA A CELEBRAÇÃO DO I DIA MUNDIAL DA PAZ, 1 DE JANEIRO DE 1968

1 DE JANEIRO: DIA MUNDIAL DA PAZ

Dirigimo-nos a todos os homens de boa vontade, para os exortar a celebrar o «Dia da Paz», em todo o mundo, no primeiro dia do ano civil, 1 de Janeiro de 1968. Desejaríamos que depois, cada ano, esta celebração se viesse a repetir, como augúrio e promessa, no início do calendário que mede e traça o caminho da vida humana no tempo que seja a Paz, com o seu justo e benéfico equilíbrio, a dominar o processar-se da história no futuro.

Nós pensamos que esta proposta interpreta as aspirações dos povos, dos seus governantes e das entidades internacionais que intentam conservar a Paz no mundo; das instituições religiosas, tão interessadas no promover a Paz; dos movimentos culturais, políticos e sociais que fazem da Paz o seu ideal; da juventude, em quem mais vivas estão as perspectivas de caminhos novos de civilização, necessariamente orientados para um seu pacifico desenvolvimento; dos homens prudentes que vêem quanto a Paz é necessária e, ao mesmo tempo, quanto ela se acha ameaçada.

A proposta de dedicar à Paz o primeiro dia do novo ano não tem a pretensão de ser qualificada como exclusivamente nossa, religiosa ou católica. Antes, seria para desejar que ela encontrasse a adesão de todos os verdadeiros amigos da Paz, como se se tratasse de uma iniciativa sua própria; que ela se exprimisse livremente, por todos aqueles modos que mais estivessem a carácter e mais de acordo com a índole particular de quantos avaliam bem, como é bela e importante ao mesmo tempo, a consonância de todas as vozes do mundo, consonância na harmonia, feita da variedade da humanidade moderna, no exaltar este bem primário que é a Paz.

A Igreja católica, com intenção de servir e de dar exemplo, pretende simplesmente «lançar a idéia», com a esperança de que ela venha não só a receber o mais amplo consenso no mundo civil, mas que também encontre por toda a parte muitos promotores, a um tempo avisados e audazes, para poderem imprimir ao «Dia da Paz», a celebrar-se nas calendas de cada novo ano, carácter sincero e forte, de uma humanidade consciente e liberta dos seus tristes e fatais conflitos bélicos, que quer dar à história do mundo um devir mais feliz, ordenado e civil.

A Igreja católica encarregar-se-á de tomar as providências para oportunamente chamar a atenção de seus filhos para o dever de celebrarem o «Dia da Paz», com as expressões religiosas e morais da fé cristã; mas, julga necessário lembrar a todos aqueles que porventura queiram comungar a oportunidade deste «Dia», algumas coisas que o devem caracterizar.

A primeira dessas coisas é a necessidade de defender a Paz, frente aos perigos que continuamente a ameaçam: o perigo da sobrevivência do egoísmo nas relações entre as nações; o perigo das violências, a que algumas populações podem ser arrastadas pelo desespero de não verem reconhecido e respeitado o próprio direito à vida e à dignidade humana; o perigo, hoje tremendamente aumentado, do recurso a terríveis armas exterminadoras, de que algumas potências dispõem, despendendo com isso enormes meios financeiros; cujo gasto é motivo de dolorosa reflexão; diante das graves necessidades que dificultam o desenvolvimento de tantos outros povos; o perigo de fazer crer que as controvérsias internacionais não podem ser resolvidas pelos meios da razão, isto é, das negociações fundadas no direito, na justiça e na equidade, mas só por meio de forças aterradoras e exterminadoras.

A Paz funda-se subjectivamente num espírito novo que há-de animar a convivência dos povos, num novo modo de pensar o homem os seus deveres e o seu destino. Um longo caminho resta ainda a percorrer, para tornar universal e operante esta mentalidade : uma nova pedagogia deve educar as novas gerações para o respeito mútuo das nações, para a fraternidade dos povos e para a colaboração das pessoas entre si, e, tudo isto afinal; em vista do próprio progresso e desenvolvimento. Os organismos internacionais, instituidor para este fim, devem ser sustentados por todos, melhor conhecidos, dotados de autoridade e de meios idóneos para a sua grande missão. O « Dia da Paz » deve tributar honras a estas instituições, emoldurar de prestígio a sua obra e rodeá-las de confiança e daquela expectativa que servem a manter nelas, sempre vigilante o sentido das suas gravíssimas responsabilidades, e forte a consciência do mandato que lhes foi confiado.

E impõe-se fazer mais uma advertência: a Paz não pode basear-se numa falsa retórica de palavras, bem aceites, em geral, porque correspondem às profundas e genuínas aspirações dos homens, mas que podem também servir, e infelizmente algumas vezes já serviram, para dissimular o vazio de um verdadeiro espírito e de reais intenções de Paz, quando não até, para encobrir sentimentos e acções de opressão, ou interesses partidários.

Não se pode pois, falar de Paz; legitimamente, quando não são reconhecidos e respeitados os seus sólidos fundamentos: a sinceridade, ou seja, a justiça e o amor, tanto nas relações entre os estados, como no âmbito de cada nação; entre os cidadãos e entre estes e os governantes. Depois, a liberdade dos indivíduos e dos povos, em todas as suas expressões, cívicas, culturais, morais e religiosas ; caso contrário, não se terá Paz ; ainda mesmo que, porventura, a opressão seja capaz de criar um aspecto exterior de ordem e de legalidade, no fundo haverá um germinar contínuo e insufocável de revoltas e guerras.

É pois à paz verdadeira, à Paz justa e equilibrada, assente no reconhecimento sincero dos direitos da pessoa humana e da independência de cada nação, que nós convidamos os homens prudentes e corajosos, a dedicar este «Dia».
(...) " (Fonte: Vaticano)



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