Sustentabilidade
O sentido do maravilhoso, sempre!
"
Maravilhar-se" (
The Sense of Wonder) é um pequeno livro de Rachel Carson, um momento de pedagogia para que adultos e crianças se maravilhem com a natureza, desde o mais pequeno ser vivo ás tempestades e ás estrelas. Um excerto:
"O mundo da criança é cheio de frescura, de novidade, de beleza, povoado de maravilhas e entusiasmo. É uma pena que para a maioria de nós, essa visão de olhar límpido, esse verdadeiro instinto que inclina ao belo e inspira temor e respeito se esbata e mesmo perca antes de chegarmos à idade adulta. Se eu tivesse alguma influência sobre a fada boa que se julga presidir ao batismo de todas as crianças, pediria que o seu presente para qualquer criança que viesse ao mundo fosse uma capacidade de maravilhamento tão indestrutível que duraria toda a vida, como antídoto infalível contra o aborrecimento e o o desencanto da idade adulta, as preocupações estéreis com as coisas artificiais, o alheamento que nos afasta das fontes da nossa força.
Para que uma criança mantenha vivo o seu sentido inato do que é maravilhoso sem que lhe tenha sido dado tal presente pelas fadas, ela necessita da companhia de pelo menos um adulto com quem possa partilhá-lo, redescobrindo com ele a alegria, o entusiasmo e o mistério do mundo em que vivemos.
Muitas vezes os pais sentem-se incapazes quando confrontados, por um lado, com a mente ávida e sensível de uma criança, e, por outro lado, com um mundo de natureza física complexa, habitado por uma vida tão variegada e tão pouco familiar, que parece não haver esperança de reduzi-laà ordem e ao conhecimento. Sentindo-se derrotados, exclamam: «Como posso eu ensinar a natureza ao meu filho? Como, se nem consigo distinguir um pássaro de outro pássaro?»
Acredito sinceramente que, para a criança e para os pais ou parentes que procurem guiá-la, saber não tem metade da importância de sentir. Se os factos são as sementes que produzem mais tarde conhecimento e sabedoria, as emoções e as impressões dos sentidos são o solo fértil no qual as sementes terão de crescer.
Os anos da primeira infância são aqueles em que se prepara o solo. Uma vez despertadas as emoções - o sentido do belo, o entusiasmo pelo novo e pelo desconhecido, o sentimento de simpatia, piedade, admiração e amor - surge então o desejo de conhecimento acerca do objeto da nossa relação emocional. Uma vez encontrado, o seu significado é duradouro. É mais importante abrir caminho para que a criança queira conhecer do que empanturrá-la de factos que ela ainda não consegue assimilar.
O pai, a mãe, o familiar que receie ter ao ser dispor um fraco conhecimento da natureza, pode ainda fazer muito pela criança. Com ela, onde quer que esteja e sejam quais forem os seus recursos, pode ainda olhar para o céu - as belezas do amanhecer e do crepúsculo, o movimento das nuvens, as estrelas à noite. Pode escutar o vento, quer sopre com uma voz majestosa através da floresta, quer cante um coro de muitas vozes em redor dos beirais da casa ou das esquinas do edifício de apartamentos onde more,e, escutando, pode alcançar uma mágica libertação dos seus pensamentos. Pode ainda sentir a chuva no rosto e pensar na sua longa jornada, nas suas muitas transmutações do mar para o ar e para a terra. Mesmo morando na cidade, pode encontrar algum lugar, talvez um parque ou um campo e golfe, onde pode observar as misteriosas migrações das aves e as mudanças das estações.. E, com a criança, pode ponderar o mistério do crescimento, mesmo que tenha apenas uma planta num vaso de terra numa janela da cozinha."
Rachel Carson em "Maravilhar-se, Reaproximar a Criança da Natureza", 1956, edição portuguesa da Campo Aberto - Associação de Defesa da Natureza, 2012, tradução de J. C. Costa Marques.
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