Mas o que entendemos por prosperidade econômica e tecnológica? Quais são os números sérios que comprovam essa prosperidade? Se ela existe, hoje a base da pirâmide social está sendo ignorada descaradamente em nossa economia, baseada pelo consumo de poucos.
Também faço parte dessa geração. Somos filhos de pais que se iludiram com a possibilidade de oferecer uma vida melhor acabaram por dar tudo o que podiam (e o que não podiam) para poupar os filhos de quaisquer vontades. No entanto, esses pais deixaram de lado um ensinamento imprescindível, que é a capacidade de lidar com frustrações. Quando fiz 28 anos de idade, me vi tomada pelos questionamentos da vida, a inquietação de transformar aquele estado que parecia imutável. Hoje, com 33, ainda vejo alguns amigos insatisfeitos com seus empregos, convivendo com a sensação de que há alguma coisa errada. Os bares estão cheios, mas com conversas pouco produtivas, que acabam em reclamações sobre chefes, as funções, seus salários, suas vidas. Eles acabaram se tornando pessoas que odeiam tudo a sua volta e contribuem para esse sentimento de desânimo geral.
A capacidade de sair do estado da frustração, ou melhor, entender o porquê estamos nesse estado ao qual, de certa forma, nós mesmos nos colocamos, é a chave para pararmos de nos sentir especiais. Precisamos nos tornar o sujeito dessa história, não mais o objeto. Os desafios que temos sob nossa responsabilidade estão ligados às mudanças de valores em nome da sustentabilidade. Esse modelo de pensamento nos trouxe a importância de olharmos para as incongruências com as quais convivemos em relação ao ambiente. Saber que nossos recursos naturais estão escassos, nos manter informados e abertos para aprender e compreender quais aspectos contribuem para a situação em que nos encontramos são algumas diretrizes que devemos seguir nesse novo rumo.
Acredito muito na capacidade de mudança do ser humano, mesmo que de forma tímida nos primeiros passos. Recentemente li um texto que traduz um pouco sobre como acessar um senso de urgência nas pessoas, que diz:
“Acredito que há momentos específicos da vida das pessoas em que elas estão mais abertas a (...) mudanças. São como janelas que se abrem de vez em quando (...) ainda resta compreender melhor a leitura desse momento de quando ela se abre, para poder entrar e travá-la para não mais fechar”.
Espero, ao menos, ter aberto a janela aos “Millennials” que estão lendo este texto, e que se encarreguem de colocar uma trava para nunca mais fechá-la. (Roberta Valença*)
*Roberta Valença é CEO da Arator, consultoria especializada em projetos de sustentabilidade com inovaçã[email protected]