Sustentabilidade
O futuro das baleias está em perigo
Na última sexta-feira (25),
a reunião da Comissão Baleeira Internacional (CBI), formada por países oponentes e defensores da caça de baleias, em Agadir, Marrocos,
terminou sem acordo. Um “plano de paz”, documento que vinha sendo preparado há dois anos com propostas que agradassem os dois lados, foi engavetado e
os participantes decidiram “esfriar” as negociações por um ano (a próxima reunião é só em setembro do ano que vem).
O intuito original era permitir o abate destes animais ao longo dos próximos dez anos, mas estabelecendo cotas de captura menores do que as praticadas hoje. A proposta era defendida pelos países latino-americanos, com o apoio da Austrália e de uma única nação europeia, Mônaco. Do lado das nações baleeiras, que incluem Islândia e Noruega, o principal representante é o Japão.
Os representantes japoneses concordaram em diminuir a cota de 935 baleias caçadas por ano hoje para duzentas em 2020, mas a oferta não foi aceita. Por outro lado, os participantes exigiam que o programa de pesca na Antártida fosse suspenso dentro de um prazo definido de tempo, com o que o Japão não concordou.
Um dos motivos pelos quais os ambientalistas temem a volta da captura das baleias é o fato de que as jubartes deixaram oficialmente o status de ameaçadas de extinção há dois anos. Para Patrick Ramage, chefe do programa de baleias do Fundo Internacional para o Bem-estar Animal (IFAW),
“nesse período [de ‘esfriamento’ das negociações], os baleeiros estarão ocupados, caçando suas presas”, afirmou.
TurismoAo invés de caçá-las, os países baleeiros poderiam explorar o potencial turístico da observação de baleias (ou, na classificação da CBI, “exploração não letal de baleias”). O ministro australiano da Ecologia, Peter Garret, informou na reunião que
mais de 13 milhões pessoas observaram os cetáceos em 119 países, gerando dois bilhões de dólares.O centro de pescas da Universidade da Columbia Britânica, no Canadá, afirma que
a atividade pode gerar 24 mil empregos no mundo. A CBI anunciou que será desenvolvido um plano estratégico sobre o desenvolvimento da observação, que avaliará e reduzirá os impactos sobre as baleias, além de ajudar os pequenos países a ter melhores condições para promover a atividade.
Veja também: Folha.com - Ouça o canto das baleiasSaúdeUm relatório divulgado na última quinta (24) por cientistas americanos mostra que
cachalotes estão sendo contaminadas por metais tóxicos vindos de todas as partes do oceano, como cádmio, alumínio, cromo, chumbo, prata, mercúrio e titânio.
A vida marinha, bem como a das pessoas que consomem frutos do mar, também está ameaçada. O estudo recolheu amostras de cerca de mil baleias durante cinco anos e foi conduzido pelo biólogo Roger Payne, presidente da organização Ocean Alliance.
A despeito dos riscos para a saúde, o comissário japonês na CBI, Joji Morishita, declarou (sob risos): “Os idosos do Japão são longevos e saudáveis. De longe, a população idosa do Japão é a que mais consome carne de baleia. Uma coisa pode muito bem estar ligada à outra”.
PermissãoPela primeira vez desde 1986,
um país foi autorizado a explorar a caça comercial das baleias jubarte, a Groenlândia. O país alega que a caça é essencial para a sobrevivência de seus povos indígenas. No entanto, há controvérsias. “Até onde sei, os groenlandeses dificilmente estão passando fome. Trata-se de uma população com alta renda per capita e com acesso a vastos recursos pesqueiros”, disse o representante de Mônaco na CBI.
Com informações de BBC Brasil via G1, Associated Press via Estadão, Folha.com [1, 2] e Yahoo! via AmbienteBrasil, O Estado de S. Paulo e Folha.com.Foto: Reprodução
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