Na velocidade da notícia
Sustentabilidade

Na velocidade da notícia


Quando prestei vestibular, há alguns anos atrás; confesso que tinha dúvidas em qual cadeira apostar.
Naquela época, 1992 pra ser exata, não havia tantas opções dentro do que eu já sabia que queria: comunicação.
Fiquei entre cinema, jornalismo e publicidade.
Acabei escolhendo a última por duas razões: uma era a que melhor remunerava e a outra foi uma palestra que assisti dum cara que achei incrível e que hoje, por ironia do destino, é meu marido!
Fui firme na minha escolha, mas hoje, 16 anos depois de formada questiono: "e se tivesse escolhido jornalismo"?
O fato é que esta profissão sempre me intrigou.
Hoje como consumidora do que meus quase-colegas produzem tento entender como a notícia nasce, como uma mata a outra e qual importância uma tem em detrimento a outra.
Leio diariamente os 2 jornais mais importantes de São Paulo, além das revistas semanais e de vez em quando assisto a um tele jornal.
Estas últimas semanas foram pra mim o exemplo de que não entendo mesmo a lógica da coisa.
Há exatos 15 dias 3 edifícios desmoronaram no Rio de Janeiro matando 15 pessoas e tomando conta da mídia. Este fato apagou das manchetes o naufrágio do Concordia, na costa italiana. Até aí tudo bem, entendo que uma notícia local tenha maior relevância...
Quase imediatamente depois, 74 pessoas morrem numa briga entre torcidas no Egito e pronto, pouco se fala sobre o Rio e o massacre toma conta dos noticiários.
Até que a PM de Salvador entra em greve e transforma a cidade do axé num inferno.
Pronto, em 2 semanas ninguém parece mais se lembrar do acidente no Rio de Janeiro, ou se interessar por suas causas...
No meio disso tudo ainda teve a falsa grávida, a dona de casa cujo corpo desfigurado foi encontrado numa tal pedra da macumba e um acidente numa embarcação no pré-sal provocando o (teoricamente) primeiro vazamento expressivo de petróleo desde que a exploração começou na região.
Opa, mas essa última notícia afeta a todos nós!
E não é que quase nada foi dito?
Hoje pra saber mais sobre o assunto tenho que procurar na internet e mesmo assim algumas informações que encontro são desencontradas. Hora está tudo resolvido e "pouco óleo" foi derramado, hora não é bem assim e a gravidade do vazamento fez com que a Petrobrás interrompesse a exploração no pré-sal de Santos...
Pelo menos hoje um acidente assim não fica 100% desapercebido.
Há 10 anos, acidentes com exploração de óleo aconteciam e tudo era abafado.
Um dos piores, que foi noticiado sem as devidas proporções aconteceu há mais de 10 anos, dia 15 de março de 2001, na Bacia de Campos, quando a maior petrolífera da época sofreu 2 explosões, matou 11 pessoas e afundou com mais de 1500 toneladas de petróleo a bordo.
Não lembra? Não viu?
É, é a velocidade da notícia engolindo tudo e todos!




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