Sustentabilidade
Lutzenberger, mais de 40 prémios, entre os quais o prémio Rightlivelihood 1988
Fonte: Agencia de Notícias
José Antônio Lutzenberger ressaltava que a sobrevivência da espécie humana dependia do seu bom convívio com a natureza. A preocupação do agrônomo e ex-ministro do Meio Ambiente era focada principalmente na agricultura e no uso equilibrado dos recursos não-renováveis, sem deixar de lado o alerta sobre os perigos do atual modelo de globalização para com a humanidade, em nível ecológico e social. Ex-funcionário de uma multinacional de produtos químicos, Lutzenberger trocou de lado para lutar pela preservação do meio ambiente e fez da ecologia um projeto de afirmação da vida. A primeira filha do ecologista, Lara Lutzenberger, destaca seu compromisso com a causa. "Com grande sensibilidade e talento, meu pai não media esforços para impulsionar o movimento em prol da ecologia", afirma.
A Assembléia Legislativa do Estado homenageou o gaúcho intitulando a sala de reuniões da Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo com o seu nome. No local se realizam importantes audiências que abordam assuntos ligados à agricultura, pecuária, pesca, cooperativismo, abastecimento, terras públicas e assuntos fundiários. "A família espera que este reconhecimento não só nomeie o local, mas também inspire os participantes acerca da obra de Lutzenberger", realça Lara.
Uma das propostas do ambientalista como ministro era trocar a dívida brasileira por projetos de desenvolvimento regional, orientados por critérios ecológicos. Luztenberger foi um dos fundadores, em 1971 da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), uma das entidades ambientalistas mais antigas do País. Em 1987, criou a Fundação Gaia, que atua na área de educação ambiental e na promoção de tecnologias brandas socialmente compatíveis, tais como a agricultura ecológica; manejo sustentável dos recursos naturais; medicina natural; produção descentralizada de energia, e saneamento alternativo.
A campanha contra a fabricante norueguesa de celulose Borregaard, que tornava insuportável o ar na região da Grande Porto Alegre, a partir de 1974, foi um dos exemplos do trabalho de Lutzenberger. A fábrica chegou a ser fechada para melhorias nos equipamentos. Após a venda da planta a brasileiros, Lutz, como era conhecido, participou de um projeto para torná-la um exemplo de que é possível conciliar desenvolvimento e respeito ao meio ambiente. "A cidade sofria com o forte cheiro de enxofre que saia das chaminés da empresa. Com o movimento, foi revertida a situação, e hoje é uma das fábricas mais limpas do mundo", conta a primogênita de Lutz.
Ao longo de sua vida, Lutzenberger participou de mais de 80 encontros nacionais e mais de 40 internacionais. Recebeu mais de 40 prêmios, entre eles o The Right Livelihood Award (Nobel Alternativo), 25 distinções e mais de 10 homenagens especiais. Lutzenberger faleceu em 14 de maio de 2002, aos 75 anos.
Homenagens
Em junho de 2005, a Prefeitura de Porto Alegre e a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMAM) homenageou Lutzenberger agregando o seu nome à Reserva Biológica do Lami. Criada em 1975, a primeira reserva biológica municipal do Brasil protege alguns dos ecossistemas originais da região de Porto Alegre, bem como as espécies nativas da fauna e flora. A diversidade de ambientes encontrados na Reserva do Lami permite o crescimento de mais de 300 espécies vegetais nativas e um número muito superior de espécies animais.
No Parlamento gaúcho, foi aprovado por unanimidade, em dezembro de 2005, o projeto de resolução do deputado Luis Fernando Schmidt (PT) que institui o Prêmio José Lutzenberger para incentivar o plantio e preservação de espécies da flora nativa do Rio Grande do Sul, ameaçadas de extinção. A premiação será conferida pela Assembléia Legislativa durante sessão plenária anualmente no dia 5 de junho, data em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente. Na justificativa da proposição, Schmidt argumenta que o Estado apresenta uma grande variedade de ecossistemas. "Muitos destes ambientes abrigam espécies raras ou em extinção. Entre elas, está a Araucária", lembrou o parlamentar.
Biografia
A vida do ambientalista gaúcho poderá ser conhecida nas mais de 500 páginas de textos e fotos do livro Sinfonia Inacabada, da jornalista e escritora Lilian Dreyer e da Fundação Gaia. O lançamento da publicação ocorreu em outubro deste ano.
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