Expansão da energia solar no Brasil depende de lei em debate no Senado
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Expansão da energia solar no Brasil depende de lei em debate no Senado




Ao longo de um ano, cada metro quadrado do território brasileiro recebe 1.900 kWh de energia do sol, em média. Admitindo-se uma eficiência média de 10% nos painéis fotovoltaicos (que transformam a energia do sol em eletricidade), cada metro quadrado do painel pode produzir 190 kWh por ano de energia elétrica.

Uma casa com 12 m² de painéis fotovoltaicos instalados e consumo próximo a 190 kWh poderia assim gerar toda energia necessária para sua manutenção.

Entre as vantagens desse tipo de energia está a redução no valor da conta de energia elétrica convencional, produção limpa de fonte renovável e uso de um material (painel) que pode se integrar à arquitetura das casas.

Às vésperas da Conferência do Clima em Copenhague , o debate sobre formas limpas de geração ganha destaque. A inclusão da energia fotovoltaica na matriz brasileira é uma das alternativas para a menor dependência da energia gerada pelas usinas hidrelétricas, que são limpas, mas para ser instaladas causam estragos ambientais consideráveis.

Por que então a transformação e o uso dessa energia limpa, inesgotável e de graça que vem do Sol não é difundida no Brasil?

A resposta é simples. Se a energia que vem do sol não tem custo algum, transformá-la em energia elétrica, com o uso dos sistemas fotovoltaicos, ainda é mais caro do que a energia proveniente das hidrelétricas.

O custo do MWh da energia elétrica produzida por painéis fotovoltaicos não sai por menos de R$ 750.

Este valor ainda é superior a tarifa média cobrada pela maioria das concessionárias de energia.

“O problema não é área para a produção. O problema é que é uma fonte intermitente e precisa trabalhar em paralelo com outras fontes de energia”, diz Roberto Zilles, professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da Universidade de São Paulo (USP).

Especialista na geração de energia fotovoltaica, Zilles explica que no Brasil ainda são poucos os sistemas instalados em comparação a outros países como Espanha e Alemanha. “Na Espanha, hoje, 1% da produção de energia elétrica tem o sol como fonte”, diz Zilles.

Enquanto o setor apresenta um crescimento comparável a poucas áreas da economia – a produção de módulos fotovoltaicos cresceu 80% em 2008 no mundo –, no Brasil a energia solar ainda tem um longo caminho a percorrer.

“Aqui, a energia solar fotovoltaica ainda é marginal, mas é estratégico investir nisso, pois temos sol e matéria prima (silício) para produzir os painéis. Se formos esperar que baixe o preço da produção desse tipo de energia, vamos virar importadores de tecnologia”, afirma o professor da USP.

A expectativa de Zilles é que o país consiga aprovar normas para a produção de energia fotovoltaica interligada aos sistemas convencionais e que o projeto de lei 630/2003, que cria um fundo especial para financiar pesquisas e fomentar a produção de energia elétrica e térmica a partir da energia solar e eólica, seja aprovada pelo Senado.

“É urgente acelerarmos o programa de geração para desenvolver a produção dos módulos no país. Nossa indústria está capacitada para desenvolver um bom produto, o problema é que, como não tem mercado, ninguém faz investimentos”, diz.

Integrado - Os sistemas fotovoltaicos podem ser divididos em: sistemas autônomos e conectados à rede elétrica. Os sistemas autônomos são ideais para serem usados em áreas remotas, sem acesso às redes de energia convencional.

Uma resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de 2004, estabelece que as empresas de distribuição de energia podem utilizar os sistemas fotovoltaicos para cumprir as normas de universalização de acesso à energia elétrica.

Já os sistemas conectados á rede podem funcionar como fontes complementares à energia convencional. “Durante o dia, esse sistema pode produzir energia e entregar à rede e durante a noite você recupera essa energia entregue”, explica Zilles.

Hoje, a potência instalada mundial dessa forma de geração é estimada em torno de 10 GW. Isso corresponde a 1,5 milhão de casas com painéis solares atuando como produtores independentes de energia elétrica.

Em países como Espanha, Alemanha, Suíça, Estados Unidos e Japão, prédios comerciais novos são construídos com materiais fotovoltaicos em suas fachadas. O excesso de eletricidade gerada é vendido para a concessionária local.

Na Alemanha, estima-se que, em 2050, os sistemas fotovoltaicos integrados possam ser responsáveis por cerca de um terço da energia elétrica gerada no país.

Se tecnicamente isso já é possível, no entanto, ainda não é regulamentado no Brasil. “O projeto de lei 630 pode, em primeiro lugar, permitir o acesso do consumidor e forçar as empresas de fornecimento a comprar essa energia produzida individualmente”, afirma o professor.

No próprio Instituto de Eletrotécnica e Energia, da USP, há três sistemas fotovoltaicos que fazem isso. No caso do edifício da administração, 50% da demanda mensal de eletricidade é atendida pelo sistema fotovoltaico. Nos finais de semana, como o consumo cai, a energia excedente produzida é entregue ao sistema convencional. (Fonte: G1)

Fonte: Ambiente Brasil




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