Sustentabilidade
Eu, professora
Queria ter postado esse texto ontem, 15 de outubro, dia do professor, mas a falta de tempo me impediu, apesar de; em meio às funções de mãe, ao trabalho e às notícias dos protestos que tomaram Rio e São Paulo; eu ter pensado em seu conteúdo o dia todo.
Sou educadora voluntária e o dia do professor de ontem pra mim teve um gostinho especial.
Não que tenha ganho algum presente, ou um parabéns; terça não é dia de'u dar aula; então apenas me limitei a comprar livros para que minha filha presenteasse os seus.
O meu presente de ontem veio de dentro.
Pela primeira vez desde que "ensino" me senti professora.
Após 4 anos indo semanalmente à uma ong no Capão Redondo, ensinar um pouco de comunicação para adolescentes inquietos, vividos, vivos e carinhosos, me identifiquei com aqueles nas ruas, que começaram os protestos.
Sendo eu voluntária num lugar que adoro, não reclamo aqui de remuneração, muito menos de condições. No meu caso sou 100% feliz com o que faço.
A raiva que temos visto nas ruas desde junho é uma espécie de raiva contida, de tudo aquilo que há anos vemos de errado e contra o que, durante anos, não fizemos nada. A gota d'água não é específica, daí a dificuldade de um "pedido", de uma possível ou não vitória, como o "virtual" ganho em junho, quando a passagem continuou R$ 3,00.
A raiva é maior.
É a raiva dos esquecidos, dos menosprezados, dos não valorizados.
Ontem o que ecoou em mim dos atos dos professores, era uma espécie de "Ei, existimos, somos necessários para a formação de uma sociedade e queremos tal valor".
Aí vem os encapuzados, os revoltados e detonam tudo. Destroem sem perceber (ou de propósito) a mensagem principal. Com a fumaça dos seus molotovs escondem a razão de tudo aquilo.
E os professores voltam ao seu dia-a-dia, esquecidos como a cabeça do rato na coca-cola.
Por aqui tudo passa, tudo se esquece.
Na Casa do Zezinho, ong onde ensino, não somos professores, não temos qualquer compromisso com o ensino formal. Somos educadores.
O conceito é simples, não só ensinamos, mas educamos.
Eu, que não tenho formação pedagógica, uso com meus alunos a lógica da química de qualquer relação: chamo a atenção, seduzo, conquisto, ganho respeito e cativo. Com alguns é mais fácil, com outros menos, mas no final o apego é fato, deles por mim e principalmente meu por eles.
Ontem o meu presente foi ter "encaixado" que, apesar de ter me formado em publicidade, de trabalhar com comunicação, de tratar de temas sérios como: a política de drogas, diversas questões sociais e meio ambiente; a minha função mais prazerosa é educar.
É, sem dúvida o trabalho mais sério que faço, o mais gratificante e contraditoriamente o menos valorizado.
Ontem me identifiquei com a rua. Não com os revoltados e rebeldes, mas com os esquecidos.
Agora preciso ir, mais uma vez o tempo corre e tenho uma classe de 20 alunos pra exercer a função das mais nobres, ensinar.
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