Em dezembro, os olhos do mundo estarão voltados para Copenhague, onde as lideranças mundiais tentarão estabelecer um novo acordo climático. Na tentativa de reverter o caminho do aquecimento global, a redução na emissão de gases-estufa e a criação de formas de incentivo ao empresariado para conversão a uma economia de baixo carbono estarão entre os principais assuntos. Nesta terça (25), essas e outras questões foram debatidas em São Paulo no Fórum Valor Globo News “Brasil e as Mudanças Climáticas”. (...)
Para os representantes do setor produtivo, as questões ambientais devem estar presentes na próxima campanha eleitoral. No entanto, destacam que políticas públicas que orientem o setor e atitudes de preservação do meio ambiente demandam mobilização pública. "O tema será desenvolvido na medida em que houver eco na sociedade", disse Wilson Ferreira Jr., diretor presidente da CPFL Energia.
Vinte das maiores empresas do País anunciaram durante o evento, realizado em São Paulo, um acordo de vanguarda para estimular a redução das emissões de carbono, um dos gases responsáveis pelas mudanças climáticas globais. Aracruz Celulose, Light Centrais Elétricas, Grupo Pão de Açúcar, Vale e Votorantim, entre outras, assinaram o documento.
A "Carta Aberta ao Brasil sobre Mudanças Climáticas", na qual se comprometem a implementar ações para reduzir as emissões de CO2 em suas atividades, será encaminhada ao presidente Lula. É a primeira vez que empresários, representando o setor produtivo, apresentam ao governo uma proposta de redução de emissões.
A meta é avançar na economia de baixo carbono como alternativa para a crise. Em contrapartida, as empresas pedem ao governo a implementação e agilização do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), apoio para a criação de mecanismo de REDD e, ainda, que o Brasil assuma uma posição de liderança nas negociações da COP 15, em Copenhague.
Com base nas atuais metas de redução, as maiores empresas do mundo estão no caminho para atingir os níveis recomendados de emissão de gases do efeito estufa somente em 2089, 39 anos depois do que seria esperado para se evitar as piores conseqüências das mudanças climáticas.
Isto é o que apresenta a pesquisa "The Carbon Chasm", divulgada nesta segunda-feira (24) pelo Carbon Disclosure Project (CDP). Ela mostra que 100 das maiores empresas globais estão atualmente programando cortes de 1,9% por ano, inferior aos 3,9% necessários para que as economias desenvolvidas consigam atingir a meta de reduzir em 80% as emissões até 2050. De acordo com o Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês), esses 80% seria o mínimo para se evitar as piores conseqüências das mudanças climáticas. (...)
A pesquisa demonstrou que a principal motivação das empresas para a redução de emissões é de fato as forças do mercado. As metas são utilizadas para identificar ineficiências nas operações, poupar custos, estimular a inovação, minimizar os riscos das mudanças climáticas, se diferenciar de competidores e satisfazer as demandas dos acionistas. Algumas empresas entrevistadas citaram ainda outros fatores, como o impacto positivo no meio ambiente e a motivação dos seus funcionários.