Um grupo formado por grandes empresas nacionais interessadas em criar
uma economia sustentável no Brasil deverá se preparar nos próximos anos
para incorporar e consolidar métodos aplicáveis de valoração da
biodiversidade e dos recursos naturais utilizados em seus produtos.
O
compromisso foi assumido durante o encontro
‘Diálogos sobre
Biodiversidade’, que reuniu empresários e governo até esta quinta-feira
(4), na sede da CNI, em Brasília.
A iniciativa coordenada pelo
ministério do Meio Ambiente (MMA) em parceria com o WWF-Brasil, União
Internacional para Conservação da Natureza (UICN) e Instituto de
Pesquisas Ecológicas (IPÊ) pretende fazer com que os diversos setores da
sociedade internalizem em seus procedimentos os objetivos traçados no
Plano Estratégico da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) até
2020. O plano foi definido na 10ª Convenção das Partes da CDB, realizada
em Nagoya, em outubro do ano passado, juntamente com as metas de Aichi
de Biodiversidade. O primeiro a participar dos ‘Diálogos’ é o segmento
empresarial.
Além de calcular o valor agregado dos produtos, as
empresas que participam da iniciativa também se comprometeram em
desenvolver ferramentas para medir os impactos causados pela retirada
dos recursos do meio ambiente na elaboração de seus produtos.
O
Movimento Empresarial pela Conservação e Uso Sustentável da
Biodiversidade (MEB) apoia a iniciativa e participa da discussão,
atestando a intenção do setor na incorporação das metas nacionais para
salvaguardar a biodiversidade. Companhias como a Centroflora, as
mineradoras Alcoa e Sama Minerações Associadas, o Wallmart, e a
Eletrobrás-Furnas fazem parte do MEB.
Vânia Rudge, representante do
MEB afirmou que o movimento – que conta hoje com 65 empresas e 11
organizações da sociedade civil – busca justamente esse diálogo para
definir e implementar os marcos regulatórios.
Também participam
do encontro em Brasília alguns gigantes produtivos como a Petrobras, a
Federação das Indústrias de Minas Gerais, a Confederação Nacional da
Indústria (CNI) e algumas das 58 maiores empresas brasileiras
congregadas no Conselho Empresarial Brasileiro pelo Desenvolvimento
Sustentável (CEBDS).
Indicadores
Outra
proposta discutida pelos empresários e que deverá constar do relatório
final do encontro para o referendo do setor é o estabelecimento de um
indicador empresarial para a avaliação do grau de incorporação das
questões ambientais pelas empresas. Em relação à produção e consumo
sustentáveis, as empresas se propuseram a colaborar na implementação do
Plano Nacional de Produção e Consumo Sustentável, em fase de consulta
pública pelo MMA.
Também deverá ser incorporada ao documento a
sugestão de que a rotulagem dos produtos traga as informações
necessárias para avaliação do consumidor sobre o monitoramento e
acompanhamento do ciclo de vida e o rastreamento da procedência
sustentável dos produtos.
Algumas das submetas e ações
estratégicas já definidas deverão ainda incentivar a conscientização da
população sobre o valor da biodiversidade, incluindo o mapeamento,
consolidação e disseminação de informações relacionadas à diversidade
genética contida em seus produtos. Os grupos de trabalho durante o
evento estão divididos de acordo com os cinco objetivos temáticos das
metas de Aichi. Os grupos têm a missão de elaborar submetas ‘factíveis e
aplicáveis’ para o setor.
Para ajudar no processo de valoração
da biodiversidade brasileira, o Ministério do Meio Ambiente anunciou
durante o evento que deverá apresentar em breve a versão nacional de um
estudo global já existente denominado Economia dos Ecossistemas e
Biodiversidade (TEEB). O TEEB brasileiro ajudará a consolidar as
ferramentas que serão testadas pelas empresas na metodologia de
valoração da biodiversidade.
O projeto é uma iniciativa conjunta
do MMA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e Conservação Internacional
do Brasil (CI-Brasil). Dentre as instituições que já manifestaram
interesse e que já têm tomado medidas de apoio à iniciativa destacam-se a
CNI, o CEBDS, o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e o
Movimento Empresarial pela Conservação e Uso Sustentável da
Biodiversidade. ( Autor: Jaime Gesisky/WWF)
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