Desertificação-conceitos básicos; acções e Agenda 21
Sustentabilidade

Desertificação-conceitos básicos; acções e Agenda 21


No dia 17 de junho, de todos os anos, comemora-se o Dia Mundial de Combate à
Desertificação e à Seca.

A Desertificação é definida como processo de destruição do potencial produtivo
da terra nas regiões de clima árido, semi-árido e sub-úmido seco. O problema vem
sendo detectado desde os anos 30, nos Estados Unidos, quando intensos processos
de destruição da vegetação e solos ocorreu no Meio Oeste americano.

Muitas outras situações consideradas como graves problemas de desertificação
foram sendo detectadas ao longo do tempo em vários países do mundo. América
Latina, Ásia, Europa, África e Austrália oferecem exemplos de áreas onde o
homem, através do uso inadequado e/ou intensivo da terra, destruiu os recursos e
transformou terras férteis em desertos ecológicos e econômicos.

A medida que o estudo sobre a origem dos desertos evoluiu, surgiram conceitos a
respeito do assunto:

Deserto: região de clima árido; a evaporação potencial é maior que a
precipitação média anual. Caracteriza-se por apresentar solos ressequidos;
cobertura vegetal esparsa, presença de xerófilas e plantas temporárias.

Desertificação: origina-se pela intensa pressão exercida por atividades humanas
sobre ecossistemas frágeis, cuja capacidade de regeneração é baixa.

Processo de desertificação: diz respeito a atividade predatória que irá conduzir
a formação de desertos.

Área de desertificação: é a área onde o fenômeno já se manifesta.

Área propensa à desertificação: área onde a fragilidade do ecossistema favorece
o processo de instalação da desertificação.

Deserto específico: a desertificação já se manifesta em grau máximo.

As causas mais freqüentes da desertificação estão associadas ao uso inadequado
do solo e da água no desenvolvimento de atividades agropecuárias, na mineração,
na irrigação mal planejada e no desmatamento indiscriminado.

Principais problemas:

a.. vulnerabilidade às secas, que impactam diretamente a agricultura de
sequeiro e pecuária
b.. fraca capacidade de reorganizar a estrutura produtiva do sertão
c.. desmatamento resultante da pecuária extensiva e do uso de madeira para
fins energéticos
d.. problemas graves de desertificação já identificados
e.. sinalização dos solos decorrente do manejo inadequado na agricultura e no
pastoreiro
f.. perda de dinamismo de atividades industriais e comerciais
g.. precária conservação da infra-estrutura rodoviária
h.. precário atendimento dos serviços de comunicação
i.. precário sistema de difusão tecnológica
j.. baixa produção científica e tecnológica para as necessidades do semi-árido

k.. deficiência nos níveis de capacitação da mão-de-obra rural, industrial e
do comércio
l.. fragilidade institucional
m.. gestão municipal sem planejamento e comprometimento com objetivos a longo
prazo.
A desertificação ocorre em mais de 100 países do mundo. Por isso é considerada
um problema global. No Brasil existem quatro áreas, que são chamadas núcleos de
desertificação, onde é intensa a degradação. Elas somam 18,7 mil km² e se
localizam nos municípios de Gilbués, no Piauí; Seridó, no Rio Grande do Norte;
Irauçuba, no Ceará e Cabrobó, em Pernambuco. As regiões áridas, semi-áridas e
subúmidas secas, também chamadas de terras secas, ocupam mais de 37% de toda a
superfície do planeta, abrigando mais de 1 bilhão de pessoas, ou seja, 1/6 da
população mundial, cujos indicadores são de baixo nível de renda, baixo padrão
tecnológico, baixo nível de escolaridade e ingestão de proteínas abaixo dos
níveis aceitáveis pela Organização Mundial de Saúde - OMS. Mas a sua evolução
ocorre em cada lugar de modo específico e apresenta dinâmicas influenciadas por
esses lugares.

As regiões sul-americana e caribenha têm inúmeros países com expressivas áreas
de seus territórios com problemas de desertificação. Os mais significativos são
Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Cuba, Peru e México.

Possíveis causas da desertificação podem ser apuradas.

O desmatamento, que além de comprometer a biodiversidade, deixa os solos
descobertos e expostos à erosão, ocorre como resultado das atividades
econômicas, seja para fins de agricultura de sequeiro ou irrigada, seja para a
pecuária, quando a vegetação nativa é substituída por pasto, seja diretamente
para o uso da madeira como fonte de energia (lenha e carvão).

O uso intensivo do solo, sem descanso e sem técnicas de conservação, provoca
erosão e compromete a produtividade, repercutindo diretamente na situação
econômica do agricultor. A cada ano, a colheita diminui, e também a
possibilidade de ter reservas de alimento para o período de estiagem. É comum
verificar-se, no semi-árido, a atividade da pecuária ser desenvolvida sem
considerar a capacidade de suporte da região, o que pressiona tanto pasto nativo
como plantado, além de tornar o solo endurecido, compacto.

A irrigação mal conduzida provoca a salinização dos solos, inviabilizando
algumas áreas e perímetros irrigados do semi-árido, o problema tem sido
provocado tanto pelo tipo de sistema de irrigação, muitas vezes inadequado às
características do solo, quanto, principalmente, pela maneira como a atividade é
executada, fazendo mais uma molhação do que irrigando.

Além de serem correlacionados, esses problemas desencadeiam outros, de extrema
gravidade para a região. É o caso do assoreamento de cursos d'água e
reservatórios, provocado pela erosão, que, por sua vez, é desencadeada pelo
desmatamento e por atividades econômicas desenvolvidas sem cuidades com o meio
ambiente.

Conseqüências da desertificação:

Natureza ambiental e climática

Como perda de biodiversidade (flora e fauna), a perda de solos por erosão, a
diminuição da disponibilidade de recursos hídricos, resultado tanto dos fatores
climáticos adversos quando do mau e a perda da capacidade produtiva dos solos em
razão da baixa umidade provocada, também, pelo manejo inadequado da cobertura
vegetal.


Natureza social

Abandono das terras por partes das populações mais pobres, a diminuição da
qualidade de vida e aumento da mortalidade infantil, a diminuição da expectativa
de vida da população e a desestruturação das famílias como unidades produtivas.
Acrescente-se, também, o crescimento da pobreza urbana devido às migrações, a
desorganização das cidades, o aumento da poluição e problemas ambientais
urbanos.


Natureza econômica

Destacam-se a queda na produtividade e produção agrícolas, a diminuição da renda
do consumo das populações, dificuldade de manter uma oferta de produtos
agrícolas de maneira constante, de modo a atender os mercados regional e
nacional, sobretudo a agricultura de sequeiro que é mais dependente dos fatores
climáticos.


Natureza político institucional

Há uma perda da capacidades produtiva do Estado, sobretudo no meio rural, que
repercute diretamente na arrecadação de impostos e na circulação da renda e, por
outro lado, criam-se novas demandas sociais que extrapolam a capacidade do
Estado de atendê-las.

Diante de tudo o que foi abordado, conclui-se que o processo de recuperação de
uma área desertificada é complexo, pois necessita de ações capazes de controlar,
prevenir e recuperar as áreas degradadas. Paralelamente a estas ações, cabe uma
maior conscientização política, econômica e social no sentido de minimizar e/ou
combater a erosão, a salinização, o assoreamento entre outros.

Está previsto no Capítulo 12 da Agenda 21, a criação de seis áreas-programas
para combate a desertificação com ações regionais.

Fonte: CAVALCANTI, E. Para Compreender a Desertificação: Uma abordagem didática
e integrada. Instituto Desert. Julho de 2001.

Fonte 2: Ambientebrasil - 18/05/2004




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