This conference was organised by Feasta, the Foundation for the Economics of Sustainability.
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Por José Carlos Marques
Pôr em causa o papel do sistema bancário, apontar as suas falhas, problematizar a forma como se tornam «mecenas» ou apoiantes aparentes de causas ambientais, é tomado por alguns defensores do ambiente como uma perseguição injustificada ao grande capital. Ou, segundo outros, um subjectivo desgosto pelos bancos, igualmente sem fundamento.
A questão não parece ser gostar ou não gostar de bancos, mas sim o papel que eles têm na actual configuração económica, financeira, política, social e até cultural.
Esse papel possivelmente terá que mudar, ou melhor essa é a discussão mundial hoje mais importante em termos de sistema económico, e bem acesa, de que a imprensa portuguesa não se dá conta de modo satisfatório. Que tem que mudar, é o que se vê expresso na pena de muitos que nada têm de revolucionário ou de inconformista. Analistas consagrados de jornais como o The Economist, representante insuspeito do pensamento económico dominante antes da crise financeira, não dizem outra coisa. Chegam a exigir mudanças «radicais» e uma intervenção das autoridades ditas «reguladores» impensável nos tempos, ainda tão próximos e não de facto desaparecidos, do thatcherismo omnipresente. Não é mudar o que se discute, mas o grau, a profundidade, o sentido e o alcance da mudança.
As críticas rejeitadas por alguns como decorrentes de uma mania ideológica anti-grande capital ou anti-bancos passariam por moderadas perante o que dizem e escrevem grandes mestres práticos da finança, inclusive um George Soros, que foi o inventor de um dos esquemas hoje mais criticados, os hedge funds, e que fez fortuna num ataque especulativo em forma contra a libra. Mas, a lê-lo, os financeiros dessa sua época aliás recentíssima são anjinhos com asinhas ao lado dos jogadores de póquer atuais.
Que há que mudar, raros são os que o negam. Mas mudar para onde?
A oportunidade que pode agora haver, mediante a desorientação e abanão que grassa nos meios dos economistas teóricos e práticos, é que possam emergir finalmente o pensamento e as obras de economistas e cientistas sociais até agora marginais ou desprezados, nalguns dos quais se encontra o fundamento para uma economia que tenha em verdadeira conta a base real da economia «real», base essa que é ecológica-energética.
Georgescu-Roegen e Jeremy Rifkin, por exemplo, e ainda a economia de base cultural como a que segue as pisadas de Karl Polanyi, e toda a chamada economia ecológica (Herman Daly, Joan Martinez Allier, Serge Latouche e o «decrescimento económico»), já largamente presente nalgumas universidades e publicações académicas sem ter no entanto ainda sido escutada por quem tem os cordões da bolsa, metafórica e literal. Também a economia solidária, entre nós representada, entre outros, pela rede de associações de desenvolvimento de base local Animar, pelos Professores Roque Amaro e Luís Moreno, por exemplo, deveria ganhar uma nova visibilidade e importância, se os desatentos políticos e comentadores vierem a aprender com as turbulências actuais.
Richard Douthwaite, James Robertson e outros autores da corrente inspirada em E. F. Schumacher completam e aprofundam esse quadro. A banca é uma instituição humana, e como tal passível de mudança. O papel que vier a desempenhar para uma sociedade que queira resolver os problemas da destruição ecológica, da guerra, da fome e da injustiça social terá forçosamente que ser muito diferente do que hoje predomina.
Existem já numerosas instituições financeiras que apontam o caminho nesse sentido, embora a sua dimensão não seja comparável ao mainstream ou sistema dominante. Mas é bem possível, e já desde 1977 se poderia sabê-lo pelo êxito que teve a famosa obra de E. F. Schumacher, Small is Beautiful mesmo quando rejeitada (por exemplo, pelos que escreviam e escrevem no The Economist!!!), é pois bem possível que o gigantismo do mainstream, inclusive bancário como mostra a atual crise e como já se discute, não seja a solução mas o problema.
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