Os impasses para a conferência climática da ONU em Copenhague, que termina nesta sexta-feira (18), giram especialmente em torno do jogo de empurra de responsabilidades entre países ricos e pobres.
O objetivo principal da conferência é fechar um acordo para suceder o Protocolo de Kyoto. Os países em desenvolvimento querem sua prorrogação, que obriga os países ricos a reduzir a emissão de gases-estufa até 2012 e, ao mesmo tempo, elaborar outro acordo para as nações em desenvolvimento. Os Estados Unidos, que não assinaram o acordo, dizem que ele é injusto por não obrigar a metas vinculantes países em desenvolvimento que já são grandes emissores de gases-estufa.
Outra das questões-chave é o financiamento para políticas de mitigação das emissões para os países pobres.
A chefe da delegação brasileira e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, declarou nesta quarta-feira (16) que os países ricos tentam aprovar uma proposta que fixa a participação dos países emergentes no fundo em 20% do total dos recursos e a das nações desenvolvidas, em 25%, que seriam responsabilidades muito parecidas.
"Somos a favor de compromissos comuns, mas diferenciados. Esses países [ricos] têm 200 anos de desenvolvimento e de acúmulo de riqueza, por isso não concordamos", afirmou Dilma.
A situação chegou a tal nível de dificuldade que a presidente da conferência, Connie Hedegaard, decidiu renunciar nesta quarta-feira, dando lugar ao primeiro-ministro dinamarquês.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarkozy, presidente da França, convocaram uma reunião de emergência nesta quinta-feira, 17, para viabilizar um acordo na reunião sobre mudança climática das Nações Unidas, em Copenhague.
Sarkozy, que horas antes surpreendera ao defender o Protocolo de Kyoto em seu discurso de abertura, afirmou que a chanceler da Alemanha, Ângela Merkel, e o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, já teriam concordado com a extensão do acordo.
Faltando menos de 24 horas para o encerramento do encontro, Lula admitiu que o entendimento a ser alcançado em Copenhague não será "o mais perfeito", mas disse que chegou a hora de "construir o acordo que é possível construir".
Na sua coletiva de quinta-feira, Lula voltou a afastar a possibilidade de um novo acordo se afastar de Kyoto.
"Eu penso que não há possibilidade de haver retrocesso, porque todo mundo sabe que embora as responsabilidades sejam de todos, elas têm que ser diferenciadas pelo tempo histórico da emissão de gases do efeito estufa", disse Lula.
"Nisso já há consenso. Para nós é importante a manutenção do princípio do Protocolo de Kyoto. Precisamos de metas claras e objetivas."