Se nós os que temos facilidade de locomoção, temos por vezes tantas dificuldades em nos deslocarmos nas cidades, porque os passeios são estreitos, porque têm buracos, porque há obstáculos, porque os automóveis tomam conta dos espaços dos peões, porque os pavimentos são irregulares, imaginem o difícil que será para quem precisa de se deslocar em cadeira de rodas, para quem leva um carrinho de bebé, ou para quem é invisual!
Não pensar em preparar as cidades para esta minoria de pessoas é propiciar a exclusão. Não é justo que alguém seja impedido de ir à mercearia, ao café, aos serviços, a casa de um amigo, só porque precisa de se deslocar de forma diferente. Porque a primazia do automóvel, a irregularidade dos pavimentos, a falta de rampas, a existência de obstáculos, a dimensão dos passeios, entre outros factores, impede que muitas e muitas pessoas, já diferentes porque lhe falta a locomoção normal, sejam excluídas de uma vida normal e social.
Além do mais, esta minoria cresce com o aumento do envelhecimento da população, e qualquer um de nós está sujeito a assim ser rejeitado pela cidade. Porque qualquer um de nós pode ter um acidente por uma doença e ficar incapacitado de andar normalmente temporária ou permanentemente. Porque qualquer um de nós pode ficar mais velho e com mais dificuldade em se locomover.
A lei sobre acessibilidade já existe em Portugal desde 1997 (decreto-lei 123/97), e foi actualizada em 2006 (Decreto-lei 163/2006). Aplica-se a espaços públicos e edifícios públicos e privados, novos, agora também a habitação. Os edifícios públicos e espaços circundantes preexistentes tinham 7 anos para se adaptar em 1997. Em 2006 passaram a ter 10 anos.
É importante que o estado e as autarquias façam o seu papel adaptando as e melhorando a acessibilidade e a mobilidade das pessoas com mobilidade reduzida, e fiscalizando.
Mas também é importante que todas as pessoas tomem consciência das necessidades especiais de algumas pessoas, não obstruindo passeios, não usurpando lugares de estacionamento próprios para deficientes motores, estando atentos e denunciando situações insustentáveis e abusos.
O primeiro vídeo a seguir é uma excelente demonstração do que é viver num mundo que não foi feito para nós. Os dois que se seguem são uma abordagem em teatro de revista, com a excelente representação de Marina Mota (e que agradeço ao Félix Correia que mos enviou)[entretanto foram retirados do Youtube, pelo que também os removi].
Vejam e oiçam. Abram os olhos, os ouvidos e o coração. Porque as cidades são de todos e para todos. E nós somos uns para os outros.
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Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer,
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui...