Sustentabilidade
Certificação Ambiental de Edifícios
Enquanto que a certificação energética dos edifícios é já obrigatória em Portugal, a certificação ambiental de edifícios, empreendimentos ou urbanizações é ainda de carácter opcional ou voluntário.
Existem já muitos sistemas de certificação ambiental do edificado (na ordem dos 200 no mundo), que de um modo geral utilizam muitos parâmetros em comum, mas que divergem em certos critérios, também fruto do país ou região de onde são oriundos. Uns são mais direccionados para o consumo energético, outros para o ciclo de vida, outros ainda para serem um suporte à concepção do edifício.
Em França, desde 2004 que a associação ambiental HQE procede à certificação ambiental de construções. Também em França, o sistema Qualitel, já em aplicação desde 1974, nasceu com o objectivo específico de melhorar o edificado existente destinado a habitação, tendo posteriormente alargado o seu espectro de actuação.
No Reino Unido, o sistema BREEAM (BRE Environmental Assessment Method), é já amplamente aplicado, mesmo a nível internacional.
Na América do Norte, o sistema LEED (Leadership in Energy and Environmente Design) , desenvolvido pelo U.S. Green Building Council, é também já uma referência a nível internacional em certificação ambiental de edifícios.
No Japão, há o CASBEE (Comprehensive Assessment System for Built Environment Efficiency), na Austrália, o NABERS (National Australian Built Environment Rating System). E por aí fora.
O sistema internacional SBTool (antes denominada GBTool) está em desenvolvimento desde 1996 pelo iiSBE (International Initiative for a Sustainable Built Environment). Devido à elevada complexidade de parâmetros, de países, climas e modos de vida diferentes (mais de 20 países envolvidos, incluindo Portugal), ainda não se estabeleceu concretamente os parâmetros e critérios a serem aplicados.
Em Portugal, o sistema LiderA , desenvolvido pelo IST (Instituto Superior Téc
nico) e liderado pelo Eng. Manuel Duarte Pinheiro, certificou os primeiros edifícios em Outubro de 2007. O sistema encontra-se disponível para aplicação em edifícios, estando em consolidação os limiares de desempenho para algumas tipologias de empreendimentos, para além do residencial e turismo. Estão também em desenvolvimento versões para aplicação a infra-estruturas e a comunidades sustentáveis. No sistema Lider A, a construção corrente de hoje em dia é o nível E. Há pois um longo caminho a percorrer até à construção sustentável, nível A++.
Também da autoria do Eng. Manuel Duarte Pinheiro, está disponível na internet o livro "Ambiente e Construção Sustentável", muito interessante e com óptima informação para quem quer saber mais sobre a sustentabilidade na construção.
Apesar de existirem critérios diferentes, e uma grande quantidade de outros parâmetros a avaliar, todos estes sistemas de certificação ambiental abarcam a certificação energética, o uso de fontes de energia renováveis, a reciclagem e minimização de consumo de água, o impacto no ambiente e a impermeabilização do solo, o uso de materiais e técnicas sustentáveis, o reaproveitamento de materiais provenientes de demolição, bem como quaisquer outras iniciativas que contribuam para a sustentabilidade da construção.
É uma mais-valia para os promotores, para os construtores e para os compradores apostarem nos edifícios certificados ambientalmente, pois para além de contribuírem para a sustentabilidade das construções, o que lhes confere uma imagem apelativa, acabam também por contribuir para edifícios de mais baixo custo de manutenção.
E uma coisa é certa, embora possa haver em alguns casos um acréscimo de investimento para tornar um edifício certificado ambientalmente, não existe qualquer relação directa entre custo e sustentabilidade da construção. Sobretudo se a sustentabilidade foi pensada desde a raiz do projecto, não é necessário que um edifício seja mais caro para ser mais sustentável.
(Desenho ao cimo à esquerda: de Estudi Coma, no livro "El Rascacielos Ecológico", de Ken Yeang, Editora Gustavo Gili, 2002, Barcelona)
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