Arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles "Em Nome da Terra"
Programa da RTP1,da autoria de Rita Saldanha 2008 postado muito recentemente no youtube pelo IDP Vou iniciar hoje (mais) uma homenagem a Gonçalo Ribeiro Telles, um senhor simpático,irreverente, combativo, erudito, activista exemplar, figura proeminente na área da Arquitectura Paisagística e político, que muito tem dado à Investigação e ao Ambiente em Portugal. Biografia Gonçalo Pereira Ribeiro Telles (n. Lisboa 1922), arquitecto paisagista e dirigente político português. Militou na Juventude Agrária e Rural Católica, acentuando a sua oposição ao regime nas sessões do Centro Nacional de Cultura. Com Francisco Sousa Tavares, em 1957, fundou o Movimento dos Monárquicos Independentes, a que se seguiu o Movimento dos Monárquicos Populares, assumindo-se claramente contra a ditadura. Em 1967, aquando das cheias de Lisboa, impôs-se, publicamente, contra a política de urbanização do Governo. Após a Revolução de Abril, fundou o Partido Popular Monárquico, cujo Directório presidiu, o Movimento Alfacinha e o Movimento Partido da Terra, de que é Presidente Honorário. Desempenhou o cargo de Ministro de Estado e da Qualidade de Vida no VIII Governo Constitucional, liderado por Francisco Pinto Balsemão. É dirigente da Convergência Monárquica, desde 1971. Figura notável do ambientalismo em Portugal, é Professor Catedrático da Universidade Técnica de Lisboa, desde 1976. Assinou os projectos do jardim da Fundação Calouste Gulbenkian[1] (com o qual recebeu, ex aequo, o Prémio Valmor de 1975) e o Jardim Amália Rodrigues, junto ao Parque Eduardo VII. Foi ainda o fundador das Licenciaturas em Arquitectura Paisagista e Engenharia Biofísica, na Universidade de Évora, onde é Professor Catedrático Jubilado.
Posicionamentos e frases Ecologia era uma palavra desconhecida em Portugal quando o arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles, muito antes do 25 de Abril, se fez ouvir para defender o ordenamento do território e o desenvolvimento da sustentabilidade
Numa entrevista ao Planeta Diário, 2005:
As Câmaras Municipais fazem do sistema natural um espaço verde e do espaço verde uma decoração
Há a fazer uma nova política em que não deve existir mais consumo de solo vivo e solo ainda não urbano.
Estão a construir cidades só por construir e a criar não o vazio do espaço, mas o vazio do espaço construído. Os andares vazios em toda a Área Metropolitana de Lisboa apavoram-me. Continua-se a construir densamente noutras áreas. Umas esvaziam-se para se construir outras. É todo um processo de asneira e de especulação.
A paisagem quer dizer país, região + agem, agir, ou seja, agir sobre a região. Quem age sobre a região, é o Homem. A paisagem é uma construção humana, feita, fundamentalmente, com materiais vivos. Há cerca de 50 anos, o que era contínuo na paisagem era o sistema natural. Tudo isto era uma paisagem, onde o sistema natural dominava, e era contínuo. As cidades eram pontos nessa continuidade de espaço natural, agrícola, florestal, de pastagens ou abandonado. Hoje, é exactamente o contrário, o contínuo na paisagem é o construído, e o pontual, é o que resta de agricultura, de espaço livre, que passou a ser descontínuo.
Alguma bibliografia A Árvore em Portugal, 2007. Edição Assírio-Alvim, Lisboa Plano Verde de Lisboa, 1997. Edições Colibri, Lisboa Um novo conceito de cidade: A paisagem global, 1996. Contemporânea Editora, Matosinhos
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