Tenho apenas a noção de que é uma ciência sujeita a muitas incertezas, quer pelos inúmeros factores a ter em conta, quer pela dificuldade de medição das diversas variáveis à escala global. Aliás, qualquer cientista que se preze é céptico. Para cada conclusão a que chega deve colocar todas as perguntas possíveis até provar que assim é. E em ciência, uma verdade hoje pode não o ser amanhã!
Talvez porque haja muito pouca gente que perceba realmente de climatologia e de meteorologia, é difícil para as pessoas comuns entenderem se há ou não aquecimento global.
Nem cientistas de áreas diferentes (da química, da biologia, da matemática,...), e por si só, o entenderão em profundidade. E com tanta informação contraditória, pior ainda.
De modo que, o assunto das alterações climáticas e do aquecimento global, parece que se tornou em arma de arremesso, em assunto político e religioso. Admito a dificuldade de discutir aquilo de que não se sabe ou percebe, mas é pena que assim seja.
Apesar do início da contestação à teoria do aquecimento global ter sido devido aos esforços da GCC - Global Climate Coalition (formada em 1989 para se opor aos relatórios do IPCC, e que reunia algumas das maiores empresas dos sectores petrolífero, automóvel e do carvão), não afirmo que os cientistas que para eles trabalharam e outros, que desligados da GCC, põem em causa o aquecimento global não sejam sérios. Como já disse, esta é uma ciência sujeita a muitas incertezas.
Mas tal como se devem respeitar as teorias dos que consideram não haver qualquer problema com o aquecimento global, também estes se deviam abster de considerações. A não ser que chamar farsa ao 4º relatório do IPCC não seja ofensivo...
Assumo que acredito nas teorias e previsões que indicam que estão a ocorrer alterações climáticas e aquecimento global, e que nos colocam um cenário futuro pouco atractivo.
A escolha antagónica seria a de acreditar nas teorias e previsões daqueles que dizem que não há aquecimento global, ou que se o há, não tem origem antropogénica ou, mesmo que seja provocado pela actividade humana, nada de mal se passará por isso.
Também podia ficar confusa com as opiniões divergentes e nem sequer me preocupar com o assunto, tipo “outros que pensem nisso”!
Como disse, escolhi e escolho a primeira hipótese. Não por sabedoria ou conhecimentos científicos, mas certamente que não por uma questão de religiosidade ou fanatismo ambientalista.
Não me integro nesses grupos. É tão-somente uma questão de bom senso, acho eu.
E penso que não ando mal acompanhada pois é muito maior o número de cientistas que afirmam com grau de certeza considerável que o planeta está a aquecer, que uma parte desse motivo é de origem antropogénica, e que esse aquecimento põe em risco o equilíbrio do planeta, do que os que afirmam o contrário.
Não há como evitar certas evidências: os glaciares estão a recuar, os icebergues a derreter cada vez mais depressa, o Árctico a descongelar, a Gronelândia e as montanhas de todo o planeta têm cada vez menos gelo ou neve.
Não há dúvida que a concentração de CO2 na atmosfera é agora muito superior à que existia antes da revolução industrial.
Está mais que comprovado que o CO2 é um gás com efeito de estufa. Também não é difícil entender que as actividades humanas emitem grande quantidade de gases com efeito de estufa; basta saber a reacção química que ocorre nos motores de combustão dos nossos automóveis, ou que ocorre nas centrais térmicas a carvão ou a derivados do petróleo!
Também é lógico que, ao desflorestar maciçamente, se está a reduzir substancialmente a capacidade de absorção de CO2 da atmosfera pelas árvores.
E se mesmo assim me restassem dúvidas, que opção seria essa a de ficar de braços cruzados à espera de ver o que acontece?
Talvez nunca venha a saber, talvez esses desequilíbrio e mudanças mais drásticas não aconteçam no meu tempo de vida.
E se acontecerem, pode ser que não atinjam cá o meu cantinho.
Mas, e as gerações futuras?
Estamos dispostos a deixá-los correr o risco sem nada fazermos?
É justo que sejam eles a pagar a factura?
Não, eu não quero ficar como o sapo numa tina a aquecer lentamente, e a não conseguir saltar fora porque já é tarde de mais. Não, se eu puder fazer alguma coisa, farei!