A moda cria necessidades antes inexistentes; o consumo as satisfaz. A moda é bonita; o consumo é prático. A moda é arte, é cultura; o consumo dá emprego. A moda quer ser igual ou melhor que os mais belos, e diferente dos comuns; o consumo precisa superar os poderosos. A moda exige uma permanente mutação; o consumo providencia essa mudança.
Como vemos, o casamento parece perfeito. Perfeito, não fosse haver filhos e enteados.
Os filhos são aqueles que podem usufruir dos pais, da moda e do consumo. As vontades são satisfeitas, os desejos cada vez mais ambiciosos. Filhos mimados e estragados, que acabarão por não dar valor a nada. Os enteados, esses não têm direito à atenção dos pais. Afinal, não são filhos deles... São muitos mais os enteados que os filhos, e se fossem a dividir o património, a moda e o consumo estariam condenados a não concretizarem os seus anseios de grandiosidade. E os enteados, há os que lutam por sobreviver e que nem sequer se podem dar ao luxo de ousar; e há os outros, que com a sobrevivência razoavelmente garantida, sonham e anseiam ser como seus "pais" emprestados.
Casamento perfeito. Perfeito, não fosse estar a contribuir para o fim dos recursos que permitem assim o ser.
Somos bombardeados constantemente pela publicidade para nos criar desejos. Desejos de moda e de consumo. E, ingénuos, deixamo-nos levar pela conversa, pelas imagens, pelo sonho.
Será que o impulso de comprar, comprar, cada vez mais coisas e objectos, que por outro lado nos obriga a cada vez mais deitar fora outras coisas e objectos que passaram de moda, não estará a esgotar os recursos do planeta? Claro que está, não haja qualquer dúvida! Saberão as pessoas que tanto compram sem precisar, qual a pegada de água ou a pegada de carbono dessas coisas e objectos? Porquê a necessidade de seguir a moda? Porque há a necessidade constante de superar os outros na moda e no consumo? Porque não conseguimos ser felizes com uma vida confortável e temos sempre de querer mais?
Vão dizer - pois, isso é muito bonito, mas, e a economia, os empregos? Essas "compras" supérfluas, o consumo, a moda, dão emprego e sustento a muita gente! Lirismos...
E eu respondo com um repto: não estará na hora de pensar uma
nova economia? Não está na hora de abandonar o sistema capitalista que se baseia no consumo, no descartável e no petróleo?
Não estará na hora de pensarmos num planeta com uma melhor distribuição de riqueza? Não poderá a moda reservar-se a uma parte da arte e da cultura, e acabar de vez com esse casamento pernicioso com o consumo?
É admissível que existam divergências na riqueza das pessoas como a que sabemos que existe?
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