Maravilhoso poema de Fernando Pessoa profundamente cantado e musicado pelo Luís Cília. (sei que também está musicado por Mafalda Veiga e por Secos e Molhados). Porquê este clássico? Porque como todas as canções de embalar, demonstram a transitoriedade da vida ou o regresso à infância ou porque não a pergunta (mais a propósito deste poema): Mãe/Pai onde estiveste? Ou ainda a tristeza da guerra, da destruição de laços, de afectos?
Poema No plaino abandonado Que a morna brisa aquece, De balas trespassado Duas, de lado a lado, Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue. De braços estendidos, Alvo, louro, exangue, Fita com olhar langue E cego os céus perdidos.
Tão jovem! Que jovem era! (agora que idade tem?) Filho único, a mãe lhe dera Um nome e o mantivera: «O menino de sua mãe.»
Caiu-lhe da algibeira A cigarreira breve. Dera-lhe a mãe. Está inteira E boa a cigarreira. Ele é que já não serve.
De outra algibeira, a lá da Ponta a roçar o solo, A brancura embainhada De um lenço deu-lho a criada Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece: Que volte cedo, e bem! (Malhas que o Império tece!) Jaz morto e apodrece O menino da sua mãe (3ª história)
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