"O carvão estará connosco"... ou com eles ...
Sustentabilidade

"O carvão estará connosco"... ou com eles ...


Crédito da imagem: Bryan Christie
Numa altura em que as alterações climáticas já dão mostras visíveis do que nos espera, com as calotes polares e os glaciares a derreter mais depressa do que qualquer previsão pessimista, com as secas, incêndios e inundações e a fome e doença que implicam;

Numa altura em que o petróleo atingiu o pico de produção e está já a entrar em decadência, e que face a uma procura a aumentar exponencialmente, não terá outro destino que se tornar cada vez mais e mais caro, que por sua vez tornará todos os bens essenciais mais caros;
Numa altura em que muitas pessoas já perceberam que se está a consumir recursos 45% acima do que a terra pode regenerar;
Numa altura em que era urgente tomar medidas universais que limitassem as emissões de dióxido de carbono;

Eis que, há uma falta de visão, de altruísmo, de responsabilidade e de vontade dos políticos mundiais para tentar alterar o rumo; sabemos que não é fácil, mas por alguma razão seria suposto lhes chamarem "líderes"...

Eis que, sabendo, mas não dizendo, que o petróleo é "sol de pouca dura", os países mais poderosos do mundo se agarram com unhas e dentes ao CARVÃO. Sim, ao carvão, aquele combustível de origem fóssil que é o mais poluente; aquele que mais liberta CO2 para a atmosfera. Sim, aquele que ainda é pior que o petróleo.

A China está num frenesim económico, e constrói centrais térmicas a carvão a velocidades espantosas. Os Estados Unidos, já as têm e continuam a querer mais.

Um jornalista americano, James Fallows estudou, andou pela China e debruçou-se no assunto. E publicou um artigo na revista The ATLANTIC, de Dezembro 2010, que está disponível online - Dirty Coal, Clean Future - onde dá conta da evolução do "carvão" na China por comparação com os Estados Unidos.

O artigo tenta criar a ideia de que é possível haver carvão limpo: através da melhoria da eficiência na combustão, ou através da captura de dióxido de carbono após a queima. Um caso e outro poderá "minorar" as emissões; Nenhum dos casos é uma alternativa limpa. Mas, mesmo assim, como não há imposição aos limites de emissões, nem isso fazem.

Leiam o artigo original em The ATLANTIC, ou então a tradução  (possível) que fiz da maior parte do mesmo (aqui). 

Independentemente do que se ache das soluções para tornar o sujo carvão mais" limpo", vale a pena ler o artigo, quer pelas declarações de muitos peritos que deram o seu contributo, quer para que se saiba em que "pé" estamos! Aqui abaixo fica a tradução de dois extractos do artigo de James Fallows:

"Toda a actividade humana em conjunto emite cerca de 37 gigatoneladas de dióxido de carbono por ano para a atmosfera. Esse número continua a aumentar, à medida que cresce a população mundial e à medida que aumenta o número de carros, de fábricas e de centrais eléctricas.
(...)
Antes de James Watt inventar a máquina a vapor no final do século XVIII, isto é, antes de as sociedades humanas terem incentivo para queimar carvão e mais tarde petróleo, em grandes quantidades, a concentração de dióxido de carbono na atmosfera era de cerca de 280 partes por milhão, ou ppm (...). Pensa-se que essa concentração oscilou entre cerca de 180 e 280 ppm nos 800 mil anos anteriores. Em 1900, com a Europa e América do Norte em industrialização, esse valor chegou a cerca de 300 ppm.
Agora, a concentração de dióxido de carbono é igual ou superior a 390 ppm, o que é provavelmente o maior nível em muitos milhões de anos. "Nós sabemos que a última vez que o CO2 esteve neste nível, a maior parte dos mantos de gelo da Gronelândia e da Antárctida Ocidental não existiam", disse Michael Mann, um cientista do clima na Penn State. Por causa das 37 gigatoneladas anuais de emissões de dióxido de carbono, o nível de dióxido de carbono atmosférico continua a subir cerca de dois ppm por ano. O panorama é este: na época em que os alunos que estão hoje no sexto ano terminarem o ensino secundário, o nível mundial de dióxido de carbono provavelmente terá ultrapassado 400 ppm, e na altura em que a maioria deles estiver a iniciar família, terá passado os 420."
 (...)
"O carvão estará connosco, porque é abundante: qualquer estágio projectado de "pico do carvão" viria muitas décadas depois de o mundo atingir o "pico do petróleo."
O carvão estará connosco, por causa dos locais onde existe: os quatro países  no top das reservas de carvão são os Estados Unidos, Rússia, China e Índia, que, juntos, têm cerca de 40% da população mundial e mais de 60% do carvão.
O carvão estará connosco, porque seus custos directos são, na maioria dos casos, muito inferiores aos das alternativas - e é por isso que é tanto usado.
O carvão estará connosco, porque os seus custos indirectos, em mortes de mineiros, destruição ambiental, e da carga de carbono na atmosfera não são regulamentados e "externalizados". As empresas de energia que respondem perante accionistas ou contribuintes, têm dificuldade em justificar uma escolha mais cara. "O carvão é tão barato, porque a sua “sujidade” ainda não é contabilizada", disse um especialista em poluição do ar do Natural Resources Defense Council ao The Wall Street Journal, há 10 anos. Na ausência de legislação sobre o clima nos Estados Unidos e de acordos internacionais para reduzir as emissões, a sujidade ainda não conta. 
O carvão estará connosco, pois mudar uma infra-estrutura de energia - como a construção de um novo sistema de transporte ou uma rede de cabo ou de conexões de fibra óptica através de todo um país é exactamente o oposto de um processo de "virtual", e leva muitos anos para ser concluído."




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