Sustentabilidade
Não basta a sociedade ter consciência ambiental: ela precisa de instrumentos e ferramentas para operacionalizar essa consciência. A ideia é defendida pelo oceanógrafo David Zee, professor da Universidade do Estado Rio de Janeiro (Uerj) e coordenador do mestrado em Meio Ambiente da Universidade Veiga de Almeida.Na opinião de Zee, é necessário ir além da consciência individual: governo e empresários também precisam agir, garantindo inovação tecnológica e uma revolução dos processos produtivos. “A pegada ambiental dos países em desenvolvimento é muito pesada para o planeta. Temos que desenvolver mecanismos para um consumo mais eficiente.
Se quisermos ser um país líder, temos que assumir o compromisso de apresentar inovações e novas propostas que contribuam”, alerta o especialista em entrevista ao Nós da Comunicação. Confira a entrevista!
Nós da Comunicação – Como você vê o papel de cada pessoa para a sustentabilidade ambiental? Pequenas ações são realmente capazes de fazer a diferença?
David Zee – A sustentabilidade ambiental, principalmente nos grandes centros urbanos, depende fundamental da participação da sociedade. Além de informada, ela precisa ser instrumentalizada. Não adianta explicar que o ecologicamente correto é reciclar o lixo, reutilizar produtos, se não tiver mecanismos para promover isso, se não houver empresa para coletar e processar esse lixo. A instrumentalização passa por um processo produtivo, de reuso, de melhor aproveitamento e otimização dos recursos naturais. É preciso que haja revolução dos processos produtivos de bens de consumo, e isso já está começando. É preciso haver uma reinvenção, uma reintrodução de novos produtos dentro de uma tecnologia com alta eficiência de uso. É importante que haja desenvolvimento e inovação tecnológico visando a esse novo processo produtivo. Isso é fundamental para a sustentabilidade.
Percebemos que a sociedade está consciente e apta para iniciar o processo de mudança de postura. O que faltam são meios para ajudar com maior intensidade. É preciso aumentar o conhecimento sobre como participar, que os centros de pesquisas e universidades criem novos produtos e meios para o desenvolvimento. Isso passa por uma série de fatores importantes, por uma nova formação dessa sociedade, equipamentos e instrumentos, além de planejamento familiar. O mundo assiste hoje a um crescimento vertiginoso de população. No Brasil, estamos na ordem de 195 milhões de habitantes. No caminho de uma nação passando de subdesenvolvido para desenvolvido, no futuro o consumo será ainda maior. Como país que não deixa de ser um formador de opinião para sustentabilidade, o Brasil precisa desenvolver mecanismos para mostrar ao mundo que podemos contribuir para essa nova concepção de vida. O planejamento familiar é importante porque na hora que nasce uma pessoa, ela começa a consumir recursos naturais. A pegada ambiental dos países em desenvolvimento é muito pesada para o planeta e por isso temos que desenvolver mecanismos para um consumo mais eficiente. Se quisermos ser um país líder, de voz ativa, devemos assumir o compromisso de apresentar inovações, novas propostas que contribuam. Não adianta a sociedade ter acesso a informação. Ela precisa ser provida de instrumentos.
Nós da Comunicação – Em que patamar a sociedade está em relação ao tema? Esta é uma tendência que veio para ficar?
David Zee – Sem dúvida veio para ficar. A sustentabilidade é questão de sobrevivência do planeta e das nações. Uma nação que quer ter uma projeção perante os outros países do mundo, uma dos aspectos que tem que pensar é na questão da sustentabilidade. Tivemos a era da tecnologia e da informática e o país que vai dominar o futuro é o que conseguir administrar a sustentabilidade. O Brasil tem tudo pra isso, pois possui capital ambiental muito grande e é um tremendo produtor de alimentos para o mundo. Só falta agora desenvolver inteligência para isso.
Nós da Comunicação – Você acredita que a consciência e o engajamento das pessoas têm aumentado ao longo do tempo? Em sua opinião, as perspectivas são otimistas?
David Zee – Tem aumentado bastante. Tenho uma visão muito urbana - vivo no eixo Rio-São Paulo - observo a situação nas grandes capitais brasileiras e percebo que uma das questões básicas da sociedade é a ambiental. Em qualquer pesquisa de opinião pública, se colocarmos questões sobre educação, segurança, meio ambiente, saúde, você verá que o meio ambiente está entre os quatro primeiros colocados no ranking dos temas mais preocupantes.
Nós da Comunicação – Que desafios precisam ser vencidos para que passemos, de fato, da teoria à prática?
David Zee – Um índice importante é o crescimento vegetativo da população. Quanto mais gente nasce, mais recursos naturais são consumidos. Isso pesa na sustentabilidade. Outro ponto importante é o consumo de água. O Brasil é um país privilegiado, mas nos grandes centros urbanos a água está começando a escassear. A facilitação da passagem da teoria à prática também passa pela instrumentalização. Se não tiver cesta de lixo para jogar o lixo, alguém vai jogar no chão. Infelizmente, ainda não desenvolvemos - apesar de sabermos da necessidade - métodos, procedimentos, equipamentos que possam efetivamente contribuir para esse progresso. Para isso, é necessário que toda a cadeia produtiva esteja funcionando.
(Nós da Comunicação)
Fonte: Mercado Ético,03/02
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David Zee – A sustentabilidade ambiental, principalmente nos grandes centros urbanos, depende fundamental da participação da sociedade. Além de informada, ela precisa ser instrumentalizada. Não adianta explicar que o ecologicamente correto é reciclar o lixo, reutilizar produtos, se não tiver mecanismos para promover isso, se não houver empresa para coletar e processar esse lixo. A instrumentalização passa por um processo produtivo, de reuso, de melhor aproveitamento e otimização dos recursos naturais. É preciso que haja revolução dos processos produtivos de bens de consumo, e isso já está começando. É preciso haver uma reinvenção, uma reintrodução de novos produtos dentro de uma tecnologia com alta eficiência de uso. É importante que haja desenvolvimento e inovação tecnológico visando a esse novo processo produtivo. Isso é fundamental para a sustentabilidade.
Percebemos que a sociedade está consciente e apta para iniciar o processo de mudança de postura. O que faltam são meios para ajudar com maior intensidade. É preciso aumentar o conhecimento sobre como participar, que os centros de pesquisas e universidades criem novos produtos e meios para o desenvolvimento. Isso passa por uma série de fatores importantes, por uma nova formação dessa sociedade, equipamentos e instrumentos, além de planejamento familiar. O mundo assiste hoje a um crescimento vertiginoso de população. No Brasil, estamos na ordem de 195 milhões de habitantes. No caminho de uma nação passando de subdesenvolvido para desenvolvido, no futuro o consumo será ainda maior. Como país que não deixa de ser um formador de opinião para sustentabilidade, o Brasil precisa desenvolver mecanismos para mostrar ao mundo que podemos contribuir para essa nova concepção de vida. O planejamento familiar é importante porque na hora que nasce uma pessoa, ela começa a consumir recursos naturais. A pegada ambiental dos países em desenvolvimento é muito pesada para o planeta e por isso temos que desenvolver mecanismos para um consumo mais eficiente. Se quisermos ser um país líder, de voz ativa, devemos assumir o compromisso de apresentar inovações, novas propostas que contribuam. Não adianta a sociedade ter acesso a informação. Ela precisa ser provida de instrumentos.
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Nós da Comunicação – Que desafios precisam ser vencidos para que passemos, de fato, da teoria à prática?
David Zee – Um índice importante é o crescimento vegetativo da população. Quanto mais gente nasce, mais recursos naturais são consumidos. Isso pesa na sustentabilidade. Outro ponto importante é o consumo de água. O Brasil é um país privilegiado, mas nos grandes centros urbanos a água está começando a escassear. A facilitação da passagem da teoria à prática também passa pela instrumentalização. Se não tiver cesta de lixo para jogar o lixo, alguém vai jogar no chão. Infelizmente, ainda não desenvolvemos - apesar de sabermos da necessidade - métodos, procedimentos, equipamentos que possam efetivamente contribuir para esse progresso. Para isso, é necessário que toda a cadeia produtiva esteja funcionando.
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